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Chapter 3: A felina amorosa e o terrível outono

Oi (estranho né? Comecei falando 'oi' geralmente é um 'olá') estava aqui lembrando de você, de nossas mensagens. 

O tempo passa, parece que foi ontem que te vi pela pequena janela, quando entrei na sua casa, quando vi seus olhos, quando não te cumprimentei por vergonha.

Por pequenos instantes trocamos olhares e ficou por isso, ou foi o que eu tinha achado.

Semanas depois você me manda mensagem, com um jeito extrovertido e querendo vários amigos, eu não sabia que era teu número, mas logo você me contou quem você era.

Coisas aconteceram e paramos de nos falar, sem nenhum envolvimento. Quem sabe, um ou dois anos depois, novamente do mesmo jeito, você me mandou mensagem.

Era um vídeo para rir, eu ri e para expressar minha risada mandei algumas letras aleatórias 'ahhshsgshd' você chamou de espasmo ou algo assim, rindo logo em seguida também.

Conversamos mais e dessa vez descobri quem você era, pegamos intimidade, no entanto éramos um segredo, você me escondeu, me deixou no escuro, eu entendo relaxe, não culpo isso.

Como não apaixonar por você? Tão responsável, madura e ainda com tom fofo na ação de suas mãos pequeninas e teus gestos semelhante ao farfalhar do vento nas flores da primavera.

Isso, essa era minha definição pra você, uma primavera que se aproximava do outono sem cruzar o verão.

Como dois amantes, Romeu e Julieta, saímos para passear, tiramos fotos, rimos e comprei suco pra nós dois. Momento único, você foi a única em meus olhos nesse momento. 

Que timidez a nossa pra segurar as mãos, aos poucos nossos dedos se entrelaçaram, como se fosse o estado natural deles.

Quando te levei pra sua casa, sai pulando de alegria ao voltar para a minha correndo no calçadão com um sorriso imenso no rosto.

Então os dias correm como córrego e mais uma vez marcamos algo, só que dessa vez você parecia estranha não sei ao certo, mas parecia que tinha acontecido algo ou porque adquiri algum conhecimento sobre você, no entanto eu tinha certeza que tinha algo errado.

Era o outono se aproximando. Você entrou em minha casa, o tempo lá fora era de chuva, você veio disposta a ficar na minha casa e admito que isso me deu um choque e deu mais convicção de que você queria se perder.

Isso me assustou, não podia deixar você fazer isso, você não podia se perder -egoísmo meu pensar assim, mas não mudou o que penso até hoje-.

Você tinha trazido tudo, até mesmo shampoo, dando uma desculpa de que sempre levava com você. Senti pena, queria te cuidar, mas não era isso que você queria, certo?

Estávamos na sala, sentados um ao lado do outro, uma hora não sei quando, estávamos grudados, nossos ombros encostados um ao outro e no final do banquinho os seus dedinhos do pé enroscavam com os meus, era fofo.

Toquei sua mão, olhei teus olhos e com a outra mão acariciei seu rosto. Não tinha mais nada precioso que você eu juro, estava se tornando meu motivo, minha força vital e motriz, a razão de andar.

Em sua pequena mochila um pouco surrada tinha um desenho que você fez pra mim, não tem como esquecer de nada que é seu ou sobre você. Era simples, rimos com algumas piadas bobas minhas.

Logo a chuva fica mais forte e recebo uma visita indesejada, pra estragar nosso dia. O que faz levar você mais cedo que o esperado.

Não deixamos de conversar por nem mais um dia após isso. Mais e mais minha boca ansiava pelos seus lábios, meus olhos pelos seus.

Um outro dia você retorna pra minha casa, traz doces, salgadinhos, Eu via no seu gesto o desejo de estar ao meu lado, e eu queria retribuir esse sentimento. Todavia, meu estômago doía; passava mal e vomitava frequentemente. Tinha vergonha de mim e de beijar você, pois me sentia sujo.

Dia caloroso, pleno verão. Nossos corpos suavam, a musica tocava e eu tocava você. Como eu poderia? De novo você parecia estranha, seus olhos tinham medo e nojo. Eu vi isso profundamente. Não tinha como me enganar.

Parecia, com os meus. Não lembro se te contei, mas a dor que você sentiu eu senti tbm, quando falei que doía em mim era porque já tinha me acontecido isso e ver você mal daquele jeito me sufocava.

Não, de forma alguma, não podia se entregar pra escuridão como eu. Estava mais que disposto a ser a sombra da sua luminosidade.

Então ali me decidi, iria fazer de tudo possível pra você. Minha mente focava apenas nisso. Fiquei doente e a fome me atormentou, passagem árdua esta.

Lentamente, mas muito lentamente algumas coisas se resolveram ou expulsas a força. Você se resolveu com sua família e teve muitos amigos, estava finalmente podendo viver. 

Mas mesmo assim, você não saía da cama, queria se afundar, morrer ou desaparecer. Então, o que eu podia fazer? De manhã, tentava te tirar da cama e deixar você ocupada no resto do dia. Entretanto, nem mesmo eu conseguia parar de vomitar por uma hora e meia sequer.

Como você escutaria um menino palhaço que está morrendo doente? Lentamente o estresse me tomou, eu queria te ver viver, estava desistindo.

Brigas e mais brigas, problemas e mais problemas, focalizei algumas culpas em você e nos céus (mesmo não tendo um).

Rápido como os ventos frios do inverno você perdeu o interesse nas coisas e pela minha insistência perdeu também em mim.

Não se engane, só porque acabou, não significa que deixei de pensar em nós dois, ainda hoje espero que você me mande um oi, olho a todo instante pro celular, mas tem zero mensagens. Ainda penso em ti, ainda daria tudo por ti, não foi adeus que dei pra ti.

Tchau, este é o final da carta (ainda sou muito insistente e teimoso). Como última coisa, queria dizer que arrumei um emprego melhor. Trabalho menos e ganho mais. Penso no final das semanas onde poderíamos ter ido e aproveitado algo com esse dinheiro, com esse amor e com essa fome.

Ainda espero o seu oi

Ass: o rato que visitou uma pequena felina amorosa.


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