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Chapter 2: Não durma

— Ei… nós sequer estamos no mesmo mundo…? — Gabriel ficou mais sério do que o normal ao falar.

Esse pensamento ecoava na cabeça dele desde que acordou ali. Todos aqueles tipo de monstros, todas as novas informações e até mesmo magia, como isso poderia ser o mesmo mundo? Ele não sabia se era. Mas mesmo após meses ali, ele não ouviu falar de ninguém questionando sobre algo como "mundos". Talvez por estarem ocupados tentando sobreviver, ou por preferirem aquele local como era agora. Não importava. Sendo esse outro mundo ou o mesmo, seu objetivo continuava sendo o mesmo. Sobreviver.

Ele estava se arrumando para ir ao colégio. Gabriel rapidamente tomou seu banho e foi almoçar.

Vou me atrasar de novo, preciso comer rápido - ele pensou.

Enquanto tomava banho. Tentando ser mais rápido, ele não lavou o cabelo e antes mesmo de vestir a roupa pôs seu almoço no prato e o esquentou no microondas, comendo assim que o retirou de dentro.

Ele saiu como de costume, às doze e meia da tarde, e pegou seu ônibus até o colégio. Em um horário normal, Gabriel teria ido com seu melhor amigo, Vitor, no ônibus, mas ele já estava acostumado a ir sozinho devido aos seus atrasos. No entanto, sempre dizia a si mesmo que iria parar de se atrasar.

Bem que ele podia se atrasar comigo, só uma vez-Gabriel pensou nesse momento.

Ele não curtia escutar música em sua ida e volta ao colégio, por isso ter amigos era muito melhor do que ir sozinho, todavia nem sempre desprezava ficar sozinho com seus pensamentos.

Gabriel não é grande. Mas também não é pequeno. Ele tem um tamanho na média dos brasileiros, ou ao menos é isso que ele pensa. Seu corpo não é magro, estava com músculos pequenos, no caminho certo para crescer. Ele estava fazendo academia a quatro meses e todo dia adiava a esperada dieta. Seus olhos castanhos claros, são um pouco neutro, como olhos de peixe morto. ele não gosta de mostrar muitas expressões, apesar de acabar não resistindo e mostrando. Parece ser o tipo de pessoa que não ligava pra muita coisa, desligado, mas ele era bastante pensativo. O cabelo não era grande, um pouco bagunçado, nenhum penteado diferente, apenas o habitual pequeno.

Eu podia parecer um pouco menos com meu pai- Ele falou a si mesmo, pensando na sua aparência.

Em pouco tempo, cerca de meia hora, ele chegou no colégio, com o passo apressado foi entrando evitando olhar o porteiro para não levar bronca.

— Quantas vezes você já tentou passar sem olhar para mim, Gabriel?

— Se o senhor souber, me avise.

Eu realmente não preciso de alguém me dizendo que estou atrasado, sei o horário do colégio e tenho um relógio. Além do que quem perde a aula sou eu, não?- Gabriel pensou, sem prestar atenção na bronca que estava tomando.

Ele sabe que quanto mais eu ficar aqui, mas atrasado eu estou, não sabe?

Porteiro estúpido. Não havia nada que ele pudesse fazer para fazê-lo parar de falar, nada que fosse ser útil. Ele sabia por experiência própria que se falasse algo, apenas ficaria ali mais tempo, e decidiu não se dar o trabalho.

Esse cara sempre pegou no meu pé, talvez seja por causa do meu pai mesmo.

Após o porteiro terminar de falar, Gabriel foi para sua sala.

Ao abrir a porta, o frio do ar condicionado rapidamente atravessou o seu corpo, e depois de achar Vitor, seguiu para sentar ao seu lado.

Vitor é alto e magro. Seu rosto parece o de um nerd, com algumas espinhas. Mas ele teve a sorte de possuir olhos azuis, no entanto, com um cabelo ruim não é uma boa combinação, foi o que Gabriel pensou na primeira vez em que o viu.

— Perdi algo?

Gabriel perguntou, mas havia perdido e ele sabia disso. O motivo dele perguntar mesmo assim era manter sua rotina.

— Não, relaxa você se atrasou apenas vinte minutos. O professor apenas começou o assunto — Vitor respondeu

Isso é bem importante né, cara, mas tudo bem, ele sempre responde desse jeito.

E, claro, não adianta pedir para Vitor ajudá-lo com isso, em ocasiões passadas ele sempre respondia, "Não teve nada importante. Se quisesse aprender, tinha chegado mais cedo", -pelo menos ele sempre fala o que teve ao contrário, quando tem, diz que não teve, quando não teve, diz que teve- era o que Gabriel pensava sobre. E como não podia contar com Vitor para isso, ele pedia a outra pessoa, então sempre pedia a seus amigos mais próximos, geralmente fazendo uma rotação, ele achava divertido. Algumas vezes era Larissa, à mais inteligente de sua sala, mas ele não tinha muita intimidade com ela então não acontecia muito.

hoje vou pedir a alice.

Alice é da mesma altura que Gabriel, pelo menos é isso que ela gosta de falar. Seus cabelos são ruivos e longos, e combinam com seu rosto que possuem algumas sardas, e olhos castanhos claros, assim como os de Gabriel, exceto a parte que parece um os olhos de um peixe morto. Ela provavelmente estava a um passo de ficar acima do peso, mas chamá-la de gorda era um erro. Ela é bonita, mas não uma beldade, essa é a opinião dentre a sala inteira.

— e aí, quando for trocar de professor você pode me dar uma breve explicada do que perdi?

Gabriel disse, virando para trás, onde Alice estava sentada.

— Velho, o Brasil que eu quero é onde você não peça mais isso e chegue cedo.

— Vou levar isso como um sim — disse Gabriel, com um sorriso.

Logo quando ele estava virando para prestar atenção no restante da aula, e não ficar tão perdido quando Alice fosse explicar, sua professora o repreendeu.

— Gabriel, você chega atrasado e ainda fica conversando?

Ah cara, eu queria comer miojo em casa, hoje vai ser um dia daqueles.

Sem muita demora, a aula voltou ao normal.

Logo no recreio Gabriel e seus amigos continuaram na sala como de costume e conversaram normalmente.

— Vocês viram que tem muitos animais entrando em coma sem explicação?

Ana comentou, mudando totalmente o assunto que eles estavam tendo antes, sobre os piores professores. Gabriel na verdade não gostava de falar mal dos professores, apesar de não amá-los, então preferiu assim e seguiu com o assunto de Ana.

— Eu não ouvi falar sobre isso, são tipo todos os animais?

Os outros prestaram atenção a pergunta de Ana, mas logo quando Gabriel lhe deu atenção eles voltaram a conversar sobre os professores entre si.

Está bem mesmo os outros ignorarem ela?

Gabriel ficou com um pouco de dó, mas não precisava ficar. Ela não ficou abalada e isso estava claro, mas ele não pareceu perceber, e ficou se perguntando um pouco sobre isso.

— Não todos os animais, mas várias espécies sim, os veterinários simplesmente não conseguem achar uma explicação e não conseguem acordá-los.

Ela realmente é bonita

Gabriel perdeu o foco enquanto Ana explicava sobre os animais em coma, ele a admirava muito, ela sempre foi o tipo de garota que era legal com todos e não fazia mal a ninguém. E Gabriel tinha uma queda por ela.

Ana era baixinha, seus cabelos, eram longos, chegando a bater na bunda. A cor dele sempre mudava, bem, "mudava", com a iluminação, às vezes parecia ser ruivo, às vezes castanho, loiro e até mesmo preto, é bem insano isso. Seus olhos eram castanhos escuros, quase indiferenciável das pupilas. E seu rosto, assim como sua personalidade, era de alguém que era realmente pró-ativa, esbanjando felicidade e beleza.

Às vezes até Gabriel duvida que é amigo tanto de Alice, quanto de Ana.

No entanto essa não é a hora para ele admirá-la, ele era a única pessoa dando atenção a ela, e se ela percebesse que ele na verdade não está prestando atenção, provavelmente ela não faria nada, mas ele iria ficar com um peso enorme na consciência, e ele não queria isso. Ele não queria que sua paixão, Ana, não fosse levada a sério por ele mesmo. Logo voltou a prestar atenção nela.

— O que você acha que é?

— O que é o quê?

Esqueci do que estávamos falando cara, ah cara, eu não podia esquecer, foi tipo agora mesmo.

— Ah sim, travei aqui, mals. Não faço a mínima idéia, talvez seja um novo tipo de doença, seja o que for, provavelmente não vamos correr risco.

Lembrei no último instante, que eu não precise mais dessa sorte.

Mesmo tendo conseguido recuperar a conversa, Gabriel ficou com o peso na consciência de não ter dado o devido valor a amizade que ela lhe concebeu, de alguma forma ele sempre pensa que tem que dar o seu melhor para eles, que é uma obrigação por eles serem amigos dele. Ainda mais com Ana. Mas ele realmente precisa disso? De onde veio esse pensamento? Talvez seja o auto-depreciamento. Talvez ele simplesmente achava que seus amigos eram bom demais para ele. No entanto, com Vitor ele se sentia diferente, Vitor não era a pessoa mais social do colégio, ele era como Gabriel. Ele tinha seus conhecidos, e seus amigos próximos. O resto ele só falava se precisasse. Sem aura de bondade, sem fama, apenas o bom e velho Vitor, é o que faz Gabriel pensar que ele é mais confiável, mais "companheiro", alguém igual.

Além de Ana, Alice e Vitor. Também tinha Paulo.

Paulo era como uma Ana, só que homem. Era bonito, sarado. Seu rosto era bem feito, mais fácil dizer que Ana era uma versão dele mulher, pois ele era mais bonito que ela. Seus olhos eram azuis, e seu cabelo preto, pintado. Originalmente seu cabelo era loiro, mas ele quis dar uma mudada, e deixou-o preto. Ele era amigo de todos no colégio, e Gabriel, óbvio, tinha um pouco de inveja. Eles nunca se deram bem, era correto dizer que os dois se aguentam por estarem no mesmo círculo de amigos. Mas Gabriel nunca soube o motivo de ele mesmo não gostar de Paulo, seria a inveja? Ou talvez instinto? Ou mesmo ciúme de seus outros amigos.

No final do dia, enquanto todos arrumavam suas bolsas, por motivo nenhum, Gabriel voltou a pensar sobre os animais.

Será que aquilo era mesmo verdade?

Não, não deve ser.

Mas e se for?

Talvez seja algo que nós peguemos também.

Mas se perguntar sobre isso agora não mudaria seu conhecimento sobre. Ele então, decidiu que ao chegar em casa, conversaria pelo whatsApp com Ana sobre.

— Ei, Ana — Gabriel enquanto guardava seus livros falou.

— Fala — Ana respondeu, levantando da banca e também guardando suas coisas.

— Quando você chega em casa…

Ele não conseguiu terminar. Gabriel ficou com sono subitamente.

Hã? Eu…

Seus olhos fecharam-se lentamente. Aos poucos, ele não conseguia mais escutar seus colegas, nem enxergar. Sentou-se na cadeira novamente, sem força nas pernas, a última coisa que ele viu, foram algumas das pessoas da sala também sentando-se de volta nas cadeiras, e ele não conseguia raciocinar direito nem para se perguntar o por quê disso. E a última coisa que ele escutou foi Ana dizendo:

— Gabriel? Não durma!


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