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Chapter 27: Primeira Viagem ao Submundo (3/4).

"sunf!""sunf!""sunf!""sunf!""sunf!"

As flechas passam voando ao meu redor acertando os troncos das árvores, flechas velhas, com as penas gastas e sujas, mesmo assim, conseguiam perfurar os troncos demonstrando que eu teria grandes problemas se fosse acertado por uma delas.

Abaixo-me e pulo em direção de um tronco e o chuto mudando minha direção bruscamente no ar me dando alguma vantagem do exército que está me perseguindo nesse momento. Por sorte, a floresta era densa, e as árvores não possuíam um padrão criando assim o maior labirinto de madeira me ajudando.

"sunf!""sunf!""sunf!""sunf!""sunf!"

Mas como esse exército dos mortos vivem aqui a não sei quantos milênios, eles têm uma certa habilidade em andar por esse labirinto. Esse é o motivo para mesmo eu estando correndo na minha velocidade máxima, não conseguir os despistar.

Devo me livrar do líder?

Penso enquanto olho rapidamente para trás. Um verdadeiro zumbi, com pouca carne e de pele cinza, ele não estava usando armadura, apenas um pedaço de couro animal em volta de sua cintura e segurando uma espada de ferro antiga enferrujada. Ele com certeza é muito diferente dos esqueletos, primeiramente por suas habilidades físicas muito superiores, e segundo por conta de seu raciocinou. Os esqueletos não têm inteligência, mas esse zumbi tem alguma, mesmo que seja pouca, e ele está usando essa pouca inteligência para me perseguir.

Eu poderia dar meia volta e usar uma magia e acabar com ele, sem um líder, os esqueletos ficariam desorganizados me dando uma oportunidade de fugir, mas para fugir antes eu teria que escapar da onda que vem um pouco atrás dele que me cercaria, e com meu ferimento ainda sangrando e após horas fugindo, minhas chances não são boas.

"sunf!""sunf!""sunf!""sunf!""sunf!"

Uma das flechas dessa vez passou raspando pela caveira que fica no ombro da minha armadura.

"Malditos arqueiros!" Grito de raiva.

Diferente dos outros esqueletos que são praticamente inúteis, os arqueiros estão se mostrando uma grande exceção com sua pontaria certeira. Para piorar, eles estão no topo das árvores disparando contra mim. Outra ideia que não deu certo, subir nas árvores. Foi uma das primeiras coisas que tentei, em cima delas, seria fácil escapar, foi o que eu pensei. Mas os esqueletos também sabem escalar.

Se esconder também não é uma opção. Estou deixando para trás um belo rastro de sangue da minha ferida, ferida que não posso curar ou cobrir sem parar de correr por alguns segundos, tempo que eu não tenho. Fora que eu também estou economizando o máximo de energia possível, e o dia foi bem longo, e eu realmente estou chegando ao meu limite.

Assim então a perseguição pela floresta que não tem fim continuou por horas.

Foi só que eu percebi que não há como fugir disso, e mesmo machucado, era melhor tentar ir com tudo. Assim com uma grande explosão de velocidade, eu criei algum espaço entre nós. Afastado um pouco deles, e sem ter arqueiros atirando e mim ainda, me apoiei contra um tronco e segurando meu ferimento, olho para a onda vindo na minha direção.

O ambiente me desfavorece, é muito irregular, então a onda anda sem uma formação, então quando eu atacar de frente, vai ser um caos. Mas olhando ao redor, um plano se forma na minha mente que pode me ajudar na minha fuga,

Como eu não tenho muito tempo para planejar, não elaboro muito meu plano. Fico ereto de novo e saco minha espada, meu escudo não é muito útil nesse tereno, ele só atrapalharia minha visão e minha movimentação.

Inclino meu corpo para frente e dou uma arrancada com toda a velocidade que meu corpo cansado pode dar. O mundo a minha volta fica mais lento enquanto eu me movo, mas como eu tenho que desviar de vários obstáculos pelo percurso, meu ataque não é tão surpreendente quanto normalmente é.

Mas eu chego ao meu alvo, o zumbi está na minha frente. O cheiro dele de carne podre quase me faz perde meu ataque, mas eu aguento e miro minha espada numa estocada bem no centro da sua testa. Rápido, preciso e sem hesitação.

"Trin!"

O golpe perfeito. Então imagine minha surpresa quando o maldito zumbi conseguiu desviar meu ataque acertando minha lâmina com sua espada e depois contra-atacar mirando meu ombro. Paro o golpe dele e ataco mais uma vez tentando acertar o pescoço dele que consegui defender mais uma vez.

Ficamos com as espadas cruzadas olhando um para o outro. Eu claramente subestimei muito esse zumbi.

Estava prestes a ficar um pouco mais sério, quando vejo uma lança aparecer na minha lateral. Pulo para trás para desviar e a lâmina da lança passa raspando pela minha armadura. Aquele que estava segurando a lança era um dos esqueletos, que estão me cercando agora mesmo.

"Hahaahahah!" Grita o zumbi correndo na minha direção segurando sua espada com às duas mãos e a levantando.

Com minha espada de lado defendo do seu ataque alto inclinando um pouco minha espada para que a lâmina dele escorregasse pela minha até parar no pomo, e com minha mão livre acerto um soco no seu rosto.

"BLAMM!"

Ele pode ser um bom lutador, mas minha força é muito maior que a dele e com apenas um soco, ele e voa para trás acertando um tronco e caindo de bunda no chão. Antes dele se levantar, me movo até o lanceiro esqueleto que me ataca com uma estocada muito simples, move-me para esquerda e seguro o cabo da lança, corto metade dela com minha espada e depois acerto o peito do esqueleto o quebrando em pedaços.

Levanto a parte do que sobrou da lança na altura do meu ombro e a lanço para frente, e erro meu alvo, mas pelo menos o propósito do ataque foi cumprido. A lança era para acertar a cabeça do zumbi que tinha se levantado, mas ela acertou o ombro dele e ficou presa no tronco atrás dele assim o imobilizando.

Ando até ele para acabar com a luta, mas seus soldados pressentindo o perigo do seu líder se moveram mais rápido e formaram uma parede na minha frente. Me teleporto no meio deles, e giro meu corpo trezentos e sessenta graus com minha espada estendida cortando todos no meio os fazendo cair no chão.

Levanto-me e me movo rapidamente ficando na frente do zumbi que levanta seu braço tentando me cortar, corto seu braço fora e sua arma cai no chão, depois enfio toda minha espada até seu pomo no crânio dele.

Diferente dos esqueletos, presumi que o zumbi tivesse um cérebro, assim esse sendo seu ponto fraco. E eu estava certo, a luz azul em seus olhos se apagou quase imediatamente depois do meu golpe.

"HAA!" Grito de dor e surpresa, sentindo algo cortando minha coxa.

Olho para trás, e um esqueleto está levantando de novo sua espada velha para me atacar novamente.

Como minha espada ainda estava presa no corpo do zumbi, ataco com minhas mãos nuas com meus dedos esticados atinjo o pescoço do esqueleto fazendo seu crânio voar para alto, e depois acerto sua caixa torácica com o chute o mandando embora.

Então olho ao meu redor. Eu estava completamente cercado, vários e vários esqueletos vindo na minha direção segurando espadas e lanças velhas.

Veja o lado bom da situação, não a arqueiros nessa parte da floresta.

O submundo não me decepciona.

"sunf!""sunf!""sunf!""sunf!""sunf!"

Os arqueiros também em alcançaram e disparam do alto contra mim.

Movo meu corpo para esquerda e direita desviando facilmente das flechas.

Retiro finalmente meu escudo das minhas costas e o bato no chão com toda minha força.

"DUMMMMMM!"

Uma onda de energia divina explode do meu escudo e se espalha em minha volta acertando todos meus inimigos. Ela não foi forte o bastante para os destruir, mas foi o bastante para os atrasar alguns segundos. Então faço algo estupido, viro as costas para meus inimigos e vou até minha espada.

Guardo meu escudo nas minhas costas, vou até minha espada e seguro seu punho de lado e puxo um pouco dela do corpo do zumbi e do tronco, mas não tudo. As xiphos foram feitas para serem manejadas com apenas uma mão, seu punho não é largo o bastante para ser segurada pelas duas, então eu seguro a lâmina que corta meus dedos. Ignoro a dor, e puxo a espada na horizontal do tronco o cortando.

"sunf!""sunf!"

"HAAAAAAAAA!" Grito de dor de novo, duas flechas acertaram meu ombro e perfuraram minha armadura.

Ignoro os ferimentos, sei que tenho segundos antes dos esqueletos chegarem.

Como minha espada é muito curta em comparação com o tronco, tenho que fazer outro corte para a ver despencar. Fico atrás da árvore e dou mais uma corte agora na horizontal com toda minha força e minha espada corta facilmente a madeira, mas a árvore não tomba antes de eu me afastar e a chutar.

A árvore finalmente se curva para frente ameaçando cair, mas eu calculei mal. A árvore não cai mais do que alguns metros até ser segurada pelas outras próximas a ela, e para completar, meus inimigos já se recuperaram e estão próximos.

"Plano C!" Grito tentando pensar qual vai ser o plano C.

Corro na direção do grupo de esqueletos e pulo por cima deles dando uma cambalhota.

"Επικαλούμαι το κρύο της θλίψης του ποταμού Cocyte!" {Eu Invoco o Frio da Tristeza do Rio Cócito!} Falo enquanto caio no chão e volto a correr.

A lâmina da minha espada fica envolvida pela névoa negra e eu a enfio no centro de uma das árvores que está segurando a que eu tinha cortado a pouco. Quando a espada fica totalmente enfiada na árvore, gelo começa a se expandir dela congelando uma pequena parte do tronco.

Desvio de novo, dessa vez das flechas, e vou para a próxima árvore, aonde faço a mesma coisa, e repito isso até que mais de dez árvores ao meu redor estejam no mesmo estado.

Cercado mais uma vez, levanto o escudo e coloco toda minha energia nessa última ação.

"Espero que funcione!" Peço quando abaixo o meu escudo o fazendo bater no chão.

"DUMMMMMM!"

A explosão de energia divina dessa vez foi muito mais poderosa que a anterior, ela derrubou todos os esqueletos que estavam a centímetros de distância de mim e explodiu a parte fraca dos troncos congelados de três arvores próxima a mim. E essa três arvores caíram e fizeram mais três cair, até que todas que foram tocadas por minhas ações entrassem em colapso.

"TRUMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM!!!!!!!!!!!!!!!!"

À terra treme com as árvores gigantes caindo ao meu redor e dando um grande dano ao exército dos mortos. A queda fez com que uma grande nuvem de poeira tomasse a visão de tudo, e eu aproveitei o evento desastroso que aconteceu por minha culpa para fugir usando o que restou das minhas energias para usar o movimento das sombras para desviar dos troncos assassinos.

Foi um sucesso, consegui escapar. Mas mesmo após saber que escapei, ainda continuei seguindo em frente para ter certeza que estava seguro dessa vez. E como não havia mais nem uma alma ou ser morto-vivo próximo me atacando, decido subir numa árvore até seu topo, e me permitir finalmente sentar num dos seus troncos para tratar minhas feridas.

A ferida dada pela mulher morcego tinha finalmente parado de sangrar, mas ela ainda não mostrou sinal de se curar, o corte na minha coxa já estava melhor, mas as flechas, eu tive que as arrancar do meu corpo sem as quebrar, por que seria um inferno retirar as pontas delas de dentro de mim se isso acontece-se, por sorte, Diana me deu uma longa palestra de como tratar ferimentos perfurantes de todos os tipos.

Após retirar a flecha, fecho os olhos para sentir minhas reservas de energia, e recebi uma boa notícia. A coisa boa de estar aqui é a grande concentração de energia, infelizmente, eu não posso a usar livremente, por que senão eu provavelmente iria explodir meu corpo se fizesse isso sem treinar antes, já que eu não tenho prática em usar energia do exterior nós meus feitiços, sendo que meu corpo funciona como um canal direto para o submundo. Mas mesmo não usando a energia do exterior durante uma luta, eu posso a usar para recuperar minha energia agora que estou parado.

Depois de alguns minutos, recuperei o que eu na Terra demoraria pelo menos uma hora.

Έλα, και γίνε τα μάτια μου!" {Venha, e se torne meus olhos!}

Dessa vez, não vou arriscar ser surpreendido. Então invoco quatro crânios que flutuam ao redor da minha árvore me dando a visão de dos quatro pontos ao mesmo tempo. Não é algo confortável, mas é muito útil.

"Επικαλέστηκα την τιμωρία του ποταμού Φλέγηθων!" {Invoco a Punição do Rio Flegetonte!}

Pela segunda vez hoje. Ou sera que foi ontem? Não me lembro quanto tempo estou fugindo e lutando, já se passou um dia?

De qualquer forma, pela segunda vez no submundo, eu convoquei uma gota de um líquido vermelho brilhante.

Dessa vez não hesitei, estou cansado demais e farto de estar ferido por tanto tempo, então levo a gota do fogo liquido até minha boca e a engulo.

E o efeito é imediato.

Qual é a sensação de beber lava?

Eu não sei como descrever, primeiro eu senti apenas algo frio descendo pela minha garganta, depois esse frio se espalhou por todo meu corpo, então veio a dor. Para não gritar, arranquei um pequeno galho do meu lado e o mordi. Para não me debater e cair no chão, abracei o tronco com força.

Não há como descrever a dor de ser queimado vivo por dentro, nunca senti nada assim.

E tudo que eu podia fazer era tentar me manter aonde eu estava e não gritar ou me debater.

Durou alguns segundos, mas para mim, foram horas.

Então, me sento de novo e limpo as lagrimas no meu rosto. Depois olho para minhas feridas, todas elas foram curadas, mas ainda havia uma cicatriz na forma de garras na minha barriga, agora que a ferida foi fechada, não tenho dúvida que a cicatriz também via desaparecer depois.

Agora curado, olho ao redor para saber se algo aconteceu no tempo que estava me curando, por conta da dor, meu feitiço dos crânios cancelado. Por sorte, não fui encontrada por ninguém e tudo estava calmo.

"Estou como fome."

Tecnicamente, eu não estou, é uma fome psicológica, após fazer tanto esforço, o normal seria descansar e recarregar as energias comendo.

"Então, eu perdi minha mochila quando estava lutando, assim como tudo que peguei até agora e minhas joias." Lembro da minha mochila, só agora.

Decido então descansar por algumas horas, talvez dormir um pouco.

Conjuro alguns feitiços simples ao meu redor, eles funcionam como um alerta de proximidade, só um mago pode se aproximar de mim agora sem eu saber. Uso esse mesmo feitiço para me avisar caso alguém tente entrar no meu quarto, só que dessa vez, numa área mais ampla, cerca de dez metros ao meu redor.

Pode parecer uma distância curta para ser avisado de um provável ataque, mas com minha velocidade e reflexos sobre-humanos, com certeza é o bastante, a não ser que eu seja atacado por um velocista ou um projetil várias vezes mais rápido que o som.

Então, facilmente dessa vez, eu caio no sono.

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Acordo algumas horas depois, talvez algumas horas depois. É um pouco difícil contar o tempo num mundo aonde a luz é constantemente a mesma. Eu deveria ter trazido um relógio ou meu celular, mas a ideia de os trazer para essa aventura no momento em que eu estava me preparando para a viagem me pareceu ser ridícula.

Levanto-me do meu tronco e estico todo meu corpo o alongando e curtindo a sensação de relaxamento que ele me dá. Esse com certeza foi o sono mais relaxante que eu já tive, infelizmente, como sempre, eu não sonhei.

Desde criança, isso nunca aconteceu ou eu nunca me lembrei dos meus sonhos, o que é um pouco difícil de se acreditar. Nunca dei muita atenção a esse fato, até que procurei informações sobre isso anos atrás, de acordo a algumas pesquisas, a completa falta de sonhos pode estar relacionada com doenças mentais como depressão e ansiedade.

Não tenho nem dos sinais que apontam esses problemas, então deve ter algo mais sobre minha falta de sonhos, mas como eu não tinha mais informações sobre isso, deixei para lá.

"Então, o que devo fazer agora?"

Tenho duas opções, continuar seguindo mais adentro do mar de árvores em que estou, ou retornar todo o caminho que eu fiz.

Retornar agora e lutar mais uma vez com os três morcegos tem seus perigos, fora que eu terei que passar pelo exército de esqueletos, eles podem estar desorganizados pela falta de seu líder, mas não é certeza que só a um zumbi nesse imenso lugar.

Adentrar mais ainda na floresta tem seu maior perigo, o mistério do que pode ser encontrado, seguindo a lógica para lugares como esse, quanto mais profundo se vai num lugar, mais perigoso ele se tornar.

Έλα, και γίνε τα μάτια μου!" {Venha, e se torne meus olhos!}

Antes de decidir, eu tento algo.

O crânio flutuante começa lentamente a ganhar altitude atravessando e desviando das folhas e galhos das árvores. Quando ele finalmente passa por tudo isso e fica acima das árvores, ele continua aumentando a altitude, até eu ter uma bela vista de onde eu estou, e com isso eu decido meu destino.

A algumas horas de caminhada na minha velocidade máxima, a uma grande zona circular no centro da floresta sem árvores. Não posso ver com muitos detalhes, já que a visão compartilhada do crânio não possuiu minha visão aumentada, mas parece haver alguma construção sozinha no centro da área aberta.

Pode ser perigoso, mas também uma fonte de informação ou oportunidade, e como ela está relativamente próxima a mim, eu decido arriscar.

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Eu esqueci de considerar o solo da floresta nos meus cálculos de quanto tempo demoraria para ir até meu destino. De início, eu tentei pular de tronco em tronco assim evitando a difícil tarefa de me locomover no chão abaixo, mas nem todos os grandes troncos das árvores vizinhas eram confiáveis, e até me deparei com um inseto gigante parecido com uma larva.

Balanço a cabeça para apagar a visão do inseto nojento dela.

Então eu voltei para o chão, e por causa disso, demorou mais algumas horas para chegar até o centro da floresta.

Não entrei no centro logo de cara, fiquei observando ele de cima de uma árvore fazendo máximo para me camuflar e observar toda a situação sem que ninguém me veja. Mas depois de alguns minutos, tenho certeza que não há ninguém no longo gramado circular cobrindo uma área de quilômetros no centro da floresta.

Tenho certeza que não há ninguém na grama ou escondido nela, mas a caverna no centro dela pode haver surpresas. A caverna estava projetada para fora do chão na forma de um pico de pedra cinza, sua entrada é apenas uma abertura, mas mesmo tendo visão noturna, eu não consegui ver o que estava na escuridão dela.

Por sorte, a caverna fica bem no meio de tudo, então posso arriscar me aproximar mais, e caso algo de errado, tenho bastante espaço para fugir ou esquivar de qualquer coisa que me atacar.

Então, pulo da árvore e piso na grama.

Quando minhas botas tocam o chão, tudo na minha visão treme e fica embaçado. Faço força para manter a concentração e tento ao máximo ignorar oque quer seja que está acontecendo comigo. Posso sentir o chão sobre meus pés, mas minha visão se tornou uma tela de uma pintura abstrata.

Mas isso estava melhorando, a minha visão começou a focar, e poucos segundos depois, eu podia ver claramente, só que eu com certeza não estava mais aonde pensei ter pisado.

Tudo tem um visual sombrio, até mesmo para o submundo que vi até agora, mas mesmo sendo sombrio, tinha sua beleza.

O chão que antes era grama verde, foi trocado por terra negra comum do submundo, a diferença era a enorme quantidade de flores e vegetação, todas as flores tinham cores fortes, vermelho, preto, cinza, entre outras, todas elas exalavam um cheiro doce muito bom.

Ela estão organizadas, construindo um caminho que levava a frente, como num jardim. Oque deu um ar sombrio para essa visão foi a fumaça saindo diretamente do chão, criando uma camada de névoa que cobria todo meu pé.

Esse é apenas um dos elementos é claro, o mais assustador era o céu, aonde havia milhões de fantasmas voando em círculos. Diferente das almas que sempre vi, esses fantasmas tinham uma forma mais etérea, tanto que eu não podia os diferenciar. A dança deles no ar criou um furacão de almas, aonde o olho da tempestade fica jardim, e acima, uma lua cheia vermelha que brilhava tanto que iluminava todo o jardim com sua luz natural.

O que eu fiz após ver todas essas cenas, me virei imediatamente para recuar.

Como nunca é fácil, não havia mais a floresta atrás de mim, apenas um gigantesco muro de pedra negra isolando todo esse local, seja lá oque ele for.

Então, sem escolha, eu sigo em frente.

O caminho ficou melhor poucos passos depois, e até mesmo piso numa estrada de tijolos de pedra, que ficam cercados pelas flores e arvores com ganhos grandes que se conectavam dos dois lados assim formando um teto sobre o caminho, mas não estava escuro, a luz da lua vermelha ainda podia passar pelos pequenos espaços entre as folhas dando um ar mais mistico para o local.

Quando eu fiz a primeira curva, sou recebido pelos primeiros seres vivos desse lugar, os vaga-lumes. Eles estão dançando acima das flores ao meu redor.

Mesmo achando esse lugar lindo, e que ele foi arrancado de algum conto infantil, ando mais rápido para chegar ao fim da estrada, mas sempre prestando atenção a todo meu redor. Então o chão começou a ficar mais íngreme, e quando eu atravesso um arco de pedra no final da estrada, eu vejo uma colina, e no topo dela, um templo grego.

O templo tem uma arquitetura simples, com colunas gregas que sustentavam o teto, não haviam paredes laterais, e tudo era feito de pedras brancas e cinzas misturadas. Em cada coluna, a uma tocha acessa iluminando todo o local.

A uma escadaria de pedra levando até o templo, e eu a começo a subir.

Quando chego na metade do caminho, paro e saco minha espada e coloco meu escudo na frente do meu corpo, por que na minha frente agora, vieram dois cachorros pretos descendo as escadarias.

No meio das escadarias, fico parado esperando. Os cachorros não me atacam de frente, e escolhem ficar me rodeando e me cheirando. Não sinto intenção de ataque deles, mas não abaixo a guarda, já que tudo até agora nesse lugar tentou me matar.

Após me cheirarem por alguns segundos, os dois cães perdem o interesse em mim e correm escadaria abaixo e entram no jardim.

"Talvez minha sorte esteja melhorando." Digo em voz alta surpreso por não ser atacado.

Abaixo minhas armas e volto a subir as escadas, e finalmente chego no topo e fico alguns metros de distância do templo.

E lá que eu a vejo.

Em cima dos degraus e na frente da entrada do templo, a uma mulher.

Ela parecia ser duas, na verdade.

A mulher é bem mais alta do que eu, quase chegando aos três metros. Seu corpo era fino e não possuía muitas curvas, mas o incrível nela, era que a metade esquerda do corpo dela era branco neve, como meus cabelos, e sua outra metade é negra, mas não um preto sujo ou obscuro, e sim um preto bonito e brilhoso. Seu cabelo era longo, chegando a sua cintura e assim como seu corpo, tinha duas cores diferentes. O rosto dela era magro, mas belo, e seus olhos são totalmente brancos. E no topo de sua cabeça, a uma coroa de flores. Sua roupa era um vestido cinza simples com um belo decote.

"Então…." "Então…."

Ela falou primeiro, e sua voz parecia ser duas, ambas eram iguais, mais soavam no meu ouvido como se tivessem duas pessoas falando comigo em simultâneo.

"Você é o Príncipe Herdeiro." "Você é o Príncipe Herdeiro."

Minha resposta para as palavras dela foi levantar meu escudo e apoiar minha espada acima dele.

A deusa estava me dando uma sensação imensa de perigo, ao ponto que eu comecei a suar.

Seres com treinamento místico sempre são mais sensitivos, e a deusa na minha frente não estava tentando disfarçar seu poder, ela só ficou lá, em toda sua glória.

"Por que levantas suas armas contra sua irmã?" "Por que levantas suas armas contra sua irmã?"

Perguntou ela. Não havia raiva ou surpresa no tom dela, talvez ela nem mesmo esteja levando a sério minha postura, ela sabe muito bem que o eu atual não sou inimigo para ela, ainda mais no local de poder dela.

"Espera....." Demorou um pouco, mas eu finalmente consegui processar a última palavra que ela me diz.

"Você é minha irmã?" Pergunto, abaixando meu escudo.

Um movimento estupido, que eu corrigi logo em seguida voltando ao levantar.

Os deuses gregos são todos uma bela família aonde os irmãos se casaram entre si, que se casaram com os seus sobrinhos e por aí vai. Então faz sentido que o senso de família não faça muito sentido para eles como faz para os humanos, então mesmo ela sendo minha irmã, como ela diz ser, isso não quer dizer que ela não vá arrancar minha alma ou me transformar num animal.

"Sim, eu sou sua irmã, Diomedes." "Sim, eu sou sua irmã, Diomedes."

Responde ela.

"Você quer me matar?" A pergunta valendo um milhão.

"Por que eu faria isso?" "Por que eu faria isso?"

"Você acabou de me chamar de herdeiro, e como você com certeza é mais velha, deve acreditar que a coroa deveria ser sua." Falo racionalmente.

Vou deixar para pensar mais tarde sobre essa coisa de herdeiro, no momento é melhor só pensar no problema a frente.

"Se eu quisesse o trono, por que eu daria minha benção para você?" "Se eu quisesse o trono, por que eu daria minha benção para você?"

O tom de voz dela não se alterou, e pelo conhecimento que tenho, os deuses não são muito pacientes ou se dão o trabalho de enrolar um alvo, pelo menos não os gregos, que gostam de resolver as coisas a força, diferente dos Nórdicos, que adoram enganar.

"Você foi um dos deuses que me deram suas bençãos quando acordei?" Pergunto já sabendo a resposta, quando ela falou em benção, senti algo no meu corpo respondendo.

"Sim, assim como os olimpianos fizeram com sua campeã, todos os deuses fiéis a nosso Pai deram suas bençãos a você." "Sim, assim como os olimpianos fizeram com sua campeã, todos os deuses fiéis a nosso Pai deram suas bençãos a você."

Isso faz sentido, mas não é o bastante para me fazer baixar a guarda.

"Não quero ser indelicado, mas qual é seu nome?" Uma pergunta que eu já sei a resposta, não foi difícil de descobrir depois dela falar ser filha de Hades, mas conseguir uma resposta em voz alta é sempre bom.

A resposta dela veio como um trovão fazendo todo o lugar tremer, e dessa vez, a voz dupla dela se fundiram e esse efeito fez meu corpo tremer.

"Eu sou Melinoë, Deusa dos Fantasmas!"

Como se ela precisasse de alguma confirmação, o clima ameno de agora pouco desapareceu, uma forte ventania soprou por toda a colina como uma tempestade se formando. Olho para cima, e vejo que todos os fantasmas pararam de girar no ar e começaram a correr para todos os lados cobrindo todo o céu em pura euforia.


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