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Chapter 94: Boa noite depois da emoção

— Não acredito que realmente não consigo andar.

— Não acredito que só consegui fazer isso na terceira rodada.

Nicolas envolvera os braços no pescoço de Milles prestes a estrangulá-lo, mas o menor dos movimentos já o fazia choramingar de dor. Abrindo um sorriso vitorioso, Milles ajeitava o capitão em suas costas segurando suas pernas ao carregá-lo pela escola já escura sorrateiramente.

Tivera uma grandiosa sorte de ao saírem do vestiário não houvessem alguém por perto. Por Nicolas definitivamente não conseguir andar, Milles o carregava em suas costas se esgueirando pelos corredores da escola atento às vozes do professor Marcos chegando perto do vestiário.

Avistando duas mulheres da limpeza correndo junto com o professor, Milles escondeu-se atrás de uma parede segurando firmemente as pernas de Nicolas. Provavelmente já teriam visto o pequeno estrago no vestiário, contudo o alfa não estava disposto a permanecer ali para ouvir reclamações dos adultos.

Não quando tinha um ômega esquentado em suas costas, o xingando quando vira seu sorriso vitorioso.

— Seu zooboomafoo dos infernos, vou arrancar esse seu sorrisinho escroto quando eu me recuperar. Vou fazer um boneco voodoo seu e amaldiçoar cada geração sua, e isso nem será capaz de sanar a minha raiva...

Milles ria divertido das diversas maldições que eram dirigidas para si pelo ômega. Era assim que gostava de ver Nicolas, xingando-o tentando irritá-lo sem virar um cachorro louco. Mil vezes ouvir aqueles xingamentos do que vê-lo tão zangado, ou pior, chorando.

— Tá falando demais pra quem deveria estar cansado.

— Cala a boca! — Arfava Nicolas, logo xingando ao sentir a pontada em sua bunda o obrigando a ficar quieto nas costas largas de Milles. — Filho da mãe, sabe o que é gentileza não?

— Deveria ter acreditado quando eu disse que não te deixaria andar.

— Seu desgraçado, como vou jogar amanhã se tô todo fodido desse jeito? Aah ah ah — Gemia Nicolas ao sentir mais pontadas, desistindo mais uma vez de se debater e deitando a cabeça no ombro de Milles. — Eu desisto, vou morrer. Hm.. Certamente vou morrer. Hahaha, ah já vejo o capeta acenando pra mim.

— Então deve ser algum parente seu. E pare de falar alto, se não vão nos achar.

Conseguindo chegar no pátio dos fundos, Milles seguira o muro onde haviam arbustos e árvores que poderiam se esconder caso necessário. Vez ou outra o alfa paralisava ao ouvir o minúsculo som próximo. Atento, somente quando o silêncio o acalmava é que retornava a caminhar.

— Eu tô ferrado. Muito ferrado. E tem alguma coisa escorrendo da minha bunda.

— Nem vem que eu te limpei.

— Não anda com camisinha não?

— Se eu soubesse que ia te deixar de quatro pra mim, com certeza teria alguma caixa na minha mochila.

Os braços de Nicolas definitivamente envolveram o pescoço de Milles, o apertando até ouvi-lo engasgar.

— Quem ficou de quatro? Hein? Não me lembro de ter arregado pra você, seu bosta.

O aperto logo se fora quando o ômega tornara a sentir dores. E assim Milles pudera finalmente aproximar-se de um dos portões da escola que se encontrava aberto.

— Na hora bem que curtiu, gemendo daquele jeito.

— Sem condições de contestar, amanhã tiro a sua vida. — Resmungava Nicolas em um bocejo.

— Não tem vigia nesse portão, não? Tô achando zuado a gente conseguir escapar desse jeito.

— É pra galera que estuda à noite, o vigia deve estar andando pela rua pra ver se tem algum aluno à vista antes de fechar o portão — Murmurava Nicolas, apontando o indicador para uma rua sem saída. — Vai pra lá, tem um terreno baldio que a gente pode atravessar pra chegar na rua lá de casa.

Obedientemente Milles seguira a indicação de Nicolas sem ter problemas em encontrar o tal terreno baldio. Com a grama alta por ali, conseguiram se esconder quando viram o vigia noturno da escola passar com sua lanterna olhando em volta. Somente ao vê-lo virar a rua é que Milles abandonara o esconderijo ajeitando Nicolas em suas costas.

E assim como dito pelo maldito baixinho, era a rua de sua casa. Milles reconhecera a casa de muro baixo que à noite parecia mau assombrada. Engolindo em seco, o rapaz passara pelo portão ainda receoso de ser pego por alguém.

— Teus pais não estão em casa?

— Moro com minha mãe, e ela tá trabalhando. Relaxa.

Pelo tom de voz de Nicolas, o alfa percebera que ele dormiria à qualquer momento. Por isso apressou-se em chegar na porta de sua casa e descer o ômega de suas costas para procurar a chave, encontrando-a em sua mochila. Depois de algumas tentativas, conseguira abrir a porta, mas tivera de carregar Nicolas novamente já que ele se recusara a dar um passo se quer.

— Admita que tu quer que eu fique te carregando assim pra cima e pra baixo.

— É pra isso que serve burro de carga. — Respondia o ômega, apontando para o corredor da casa. — Pro meu quarto.

— Vai querer beijinho de boa noite também?

— Vou cometer um assassinato, tô falando sério.

Rindo divertido, Milles encostara a porta de entrada e seguira pelo corredor da casa até chegar ao quarto de Nicolas. E assim como da última vez em que estivera ali, sentira o cheiro do ômega espalhado por todo o cômodo.

A única diferença era que Nicolas não estava mais doente, e os dois já tinham passado dos limites. Estavam em um nível diferente em sua relação, da qual Milles ainda não fazia ideia de qual seria. Principalmente depois do que haviam feito no vestiário.

Deitando o ômega na cama, Milles deixara a mochila dele em algum canto e então esticara os braços se espreguiçando. Seu corpo estava pesado e cansado, não apenas pelo esforço de seus desejos insanos, mas por estar sempre em alerta até deixarem a escola.

Nicolas se movia minimamente resmungando ao puxar as cobertas e se afundar no travesseiro. Praticamente enrolou-se como um gato procurando um lugar quente. Com os olhos sonolentos, o ômega observara o alfa erguendo as cobertas em um convite silencioso.

— Qual foi?

— Deita aí.

Soltando um riso abafado, Milles negara com a cabeça.

— Vou pra casa, relaxa.

— Eu sei que você tá cansado, to sentindo por causa da mordida. Pode dormir aqui em casa e será o primeiro a chegar na escola amanhã.

Sem poder contra argumentar, Milles sentou-se na beira da cama ainda receoso. Dormir na casa de alguém com quem estava ficando não era uma novidade. A novidade era a pessoa ser um garoto, ômega cujo nome era Nicolas. Ainda mais sabendo que quando acordassem e pisassem na escola no dia seguinte, estariam ferrados juntos.

Era uma aventura estar com Nicolas.

Lembrando-se do motivo que o colocara naquela situação, Milles olhara de canto para o ômega que o fitava lutando contra o sono.

Fora uma grande surpresa descobrir que aquele ômega marrento teria inveja de seu melhor amigo. Que se sentia carente, desejando alguém do seu lado. Nicolas tinha consciência de seu temperamento que afastavam as pessoas, não sendo qualquer um que aguentasse ficar do seu lado.

Agora conseguia compreender o tamanho dos pregos escondidos nas palavras de Thunder. E do quão machucado aquele ômega poderia estar.

Deitando-se ao lado de Nicolas, ficando de frente para ele, Milles retribuíra o olhar mantendo-se calado.

— Perdeu o cu na minha cara? — Resmungava o ômega franzindo a testa.

Milles soltara um riso nasalado, puxando a coberta sobre Nicolas.

— Foi você que perdeu o seu pra mim hoje, seu guloso.

As bochechas de Nicolas ganharam um tom avermelhado instantaneamente, murmurando xingamentos enquanto fechava os olhos tentando ignorar a presença do alfa. Mas para Milles aquela estava sendo um momento memorável de tamanhas cenas inéditas que apreciara.

Vira aquele baixinho ser emocional de diferentes formas, e no final das contas permitira que ele ficasse consigo. Nicolas havia deixado que Milles o abraçasse, o beijasse e lhe desse prazer justo no momento em que se sentia mais instável emocionalmente. Talvez a grande surpresa não fosse pelo tamanho desejo que finalmente fora sanado, mas do quão consciente Milles permanecera naquele momento.

Era ele quem estivera junto de Nicolas.

Fora ele quem o tocou, beijou e lhe deu prazer.

Não os seus instintos. Não por causa da mordida.

Mas por causa dele mesmo.

Esticando a mão para encaixá-la no rosto do ômega, Milles suspirara quando o vira abrir os olhos e fitá-lo sonolento. Nicolas ainda estava quente e sua pele era tão macia.

— Ainda se sente sozinho?

— Não vou te responder.

Milles rira deixando um peteleco na testa de Nicolas.

— Baixinho miserável, nem pra ser sincero você presta. Adianta mentir pra mim quando já me mordeu? Eu sei que tu tá se sentindo bem comigo.

— Então por que caralhos pergunta, sua anta?

Abrindo o carismático e belo sorriso, Milles transbordava a alegria para surpreender aquele ômega marrento.

— Pra ouvir você admitir que está na minha.

Nicolas não o respondera, até tornara a fechar os olhos para dormir. Palavras eram completamente dispensáveis quando Milles era capaz de sentir o conforto que a ligação proporcionava.

Mais cedo havia gritado com ele, pedindo que o olhasse e prestasse atenção em sua presença, pois estava lá com ele. Agora era notado por aquele ômega.

Quando os dois rapazes finalmente caíram no sono, Nicolas havia se esgueirado até se aconchegar nos braços de Milles, que o segurara compartilhando o calor do seu corpo. Como se encaixassem feito peças de quebra-cabeças, as duas almas gêmeas davam mais um passo em direção dos sentimentos mais sinceros jamais sentido antes.


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