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Chapter 97: Recado dado

— Não acredito que ele foi suspenso em plena eliminatória! — Exclamava Lilian ao estender dois cafés para Theodore e Gabriel, recebendo um agradecimento dos meninos. — Isso não é perigoso? Quer dizer, temos times fortes pra enfrentar daqui a pouco.

— O professor disse que tentou conversar com a coordenadora pra que a suspensão do Nico começasse segunda, mas não teve jeito.

Sentando-se ao lado de Theodore, Lilian olhava para a quadra de vôlei no centro do ginásio que já se enchia. A torcida se organizava nas fileiras à frente deixando os instrumentos prontos para darem início a bagunça. Para a sua sorte nenhum deles ouviria a conversa entre os três.

— E agora? Vamos perder?

— Milles vai assumir como capitão, mas em compensação vou ter que entrar na quadra — Respondia Gabriel bebendo um gole do café permanecendo em pé observando toda a turma do primeiro ano ensaiarem animadamente a sua torcida. — Vou jogar como atacante ao invés de levantador.

— Então não deveria estar junto com o time?

— Minha presença te incomoda?

Lilian abraçara o braço de Theodore formando um bico nos lábios, recebendo um olhar espreito do alfa.

— Ele tá me olhando feio, querubim. — Reclamava ela logo ouvindo um rosnado em sua direção. Mas para o desagrado do alfa a garota recebera um afago em sua cabeça.

— Vocês dois se dão bem, não é? — Ria Theodore afagando os cabelos loiros de Lilian.

— Nem um pouco — Responderam uníssono os dois híbridos, encarando um ao outro ferozmente.

— Ah, certo. — Theodore desviava os olhos para os meninos do primeiro ano que acenavam empolgados. Retribuindo o aceno com um sorriso, o ômega suspirou afundando-se no banco. — São dez da manhã e eu já me sinto cansado.

— E o que o professor pediu pra você fazer, Theo?

— Analisar o time que podemos enfrentar nas finais.

Percebendo Gabriel arqueando a sobrancelha, o ômega apontara discretamente para o time que estava reunido na arquibancada parecendo ter uma reunião séria. O uniforme branco e dourado destacava-se dentre os demais, e a postura ereta dos jogadores transparecia uma energia madura que diferia das demais. Um dos jogadores o alfa reconhecera, sendo aquele que conversara com Milles no primeiro dia de partida.

Naquele dia Gabriel não dera muita atenção para aquele jogador, imaginando ser algum conhecido do seu amigo. No entanto, não se esquecera de que ele também conversara com o capitão dando a entender que o seu time o queria.

— Parecem profissionais...

— Eles sempre ganham a vaga das eliminatórias. Então se quisermos passar, temos que ganhar deles.

— Vão jogar ao mesmo tempo que a gente? — Theodore concordara com a cabeça, tendo Gabriel fazendo careta. — Então você não vai me ver jogando?

— Por que eu precisaria? Eu sei que você vai dar o seu melhor. — Dizia o ômega com o sorriso de mostrar suas pequenas presas.

Gabriel engasgara com o café tendo um acesso de tosse, escondendo o rubor cobrindo parte do rosto. Theodore rira estendendo um lenço de papel para o alfa, se divertindo com a reação envergonhada.

— Eu posso ir com você então. Podemos fingir que somos as três espiãs demais, só que só nós dois...

— Gosto mais do Martin Mystery.

— Mas nesse só aparece coisa bizarra como monstros.

— É legal justamente por lutarem contra coisas bizarras.

— Eles não tem apetrechos tecnológicos como a Woop. Tipo um batom que solta laser, ou um pó compacto que vira um comunicador.

— Qual é, uma agência que contratou um alienígena que fica dentro do disquinho voador. Como você pode não achar aquilo maneiro?

— É sério que vocês estão discutindo sobre isso? — Questionava Gabriel incrédulo.

— Você já assistiu? — Disparou Lilian.

— Via desenho quando era moleque.

— Uau, caiu no meu conceito. — Retrucava Lilian negando com a cabeça sem energia para continuar a discussão.

Gabriel até buscara em Theodore algum argumento que o fizesse concordar, mas o ômega também parecia ligeiramente decepcionado. Desistindo de tentar entender aqueles dois, o alfa manteve-se em silêncio até terminar o seu café.

Sem poder aproveitar mais tempo com o ômega quando o técnico chamara pelo alfa, Gabriel apenas afagara o ombro de Theodore e seguira para os vestiários se reunindo com o restante do time. O loiro suspirara pesado ajeitando o boné na cabeça tentando esconder o rubor de suas bochechas e as batidas descompassadas de seu coração.

Ainda precisava aprender a lidar com as reações de cada toque. Parece ter piorado desde que acordara.

— E então, como foi essa semana? — A voz baixa e brincalhona de Lilian ganhara a atenção do ômega, que coçara a nuca envergonhado.

— Foi bom, me senti bem...

Lilian soltara um riso baixinho abraçando o braço do ômega.

— O cheiro dele está em você todinho, querubim.

— Está? — Erguendo o braço discretamente, Theodore tentara farejar o próprio corpo sem conseguir sentir o cheiro de Gabriel. — Que estranho, não sinto.

— Já deve ter se acostumado, ou sei lá. Mas à nível de fofoca, agora que já passaram o cio juntos vocês estão namorando?

As bochechas do ômega esquentaram no mesmo instante. Namorados? Ele e Gabriel? Não haviam conversado sobre o assunto, então estavam ficando ainda, certo? Se bem que caso o alfa o pedisse, certamente Theodore aceitaria imediatamente, já que seria uma relação mais sólida do que apenas ficantes.

— Não conversamos sobre isso, na verdade. Nem sei se ele gostaria de me namorar.

— Se ele terminar com você depois de ter passado o cio, seria um grande babaca. Não acho que seja o caso, Gabriel parece ser ciumento.

— Você acha?

— Um bom observador consegue perceber isso facilmente, acredite em mim querubim. — Suspirando profundamente, Lilian tornara a sussurrar para o ômega a fim de que ninguém mais escutasse aquela conversa — Não sei se já está sabendo do que rolou no Orkut, mas alguém publicou uma foto sua e do Gabriel e isso tá gerando o maior falatório.

— Nico me contou hoje de manhã, fico me perguntando quem teria feito isso.

— Acho que foi uma menina do terceiro ano que tem briga com a Sadie. Dei uma olhada no perfil dela só para o caso de estragar o nosso plano.

— E vai estragar?

— Já imaginava que daria uma burburinho. Pretendo me reunir com a minha turma lá na cafeteria depois dos jogos pra discutirmos sobre o que fazer. — Erguendo o indicador discretamente, Lilian apontava para uma fileira mais afastada da torcida.

Olhando naquela mesma direção, Theodore se surpreendia em reconhecer Sadie junto do grupo de amigas sentadas longe da torcida.

— Ela veio?

— Sempre vem pra assistir, mas não se mistura. Nem com a gente e nem com a torcida do irmão dela. Só fica afastada calada.

Engolindo em seco, Theodore já imaginava o quão tortuoso seria pisar na escola segunda. Será que ela iria brigar consigo diretamente? Ela fora tão clara da última vez pedindo que se afastasse de Gabriel, e até mentira daquela maneira.

— Queria saber o que ela pretende fazer. — Admitira o ômega tornando a encarar Lilian. — Sadie sabe que Gabriel não foi pra escola essa semana...

— Também sabe que não foi com ela que passou o cio. Será interessante observar também como o teu príncipe vai agir com ela.

Atordoado, Theodore franzira a testa fazendo careta.

— Gabriel? Por quê?

— Acha mesmo que ela vai admitir pra escola que Gabriel não ficou com ela? Tipo, todo mundo sabe que ela tá afim dele.

— Mas o Gabriel já nega isso.

— Ele está entre a cruz e a espada agora. O pessoal vai querer saber se ele está com você ou com Sadie.

Lilian costumava ser adorável e meiga, sempre sorrindo ao ponto de mostrar suas covinhas. Enquanto conversavam aquela faceta não estava presente. Lilian apenas virou o rosto para Theodore transparecendo uma seriedade da qual não lhe pertencia. Chegava a ser estranha como se fosse outra pessoa. Só naquele olhar frio, Theodore compreendera que sua nova amiga estaria falando algo sério até demais.

— Se você quiser saber o quão sério Gabriel está a seu respeito, recomendo que observe atentamente como agirá na escola. Não só ele, mas Sadie também.

Ao meio dia o time Montreal finalmente pisava em quadra para competir as quartas de finais sob os gritos da torcida organizada pelo primeiro ano. E assim como planejado por Lilian, estudantes de outras turmas se juntaram a eles tornando o grito potente motivando os jogadores.

Gabriel olhara em direção das arquibancadas procurando as duas pessoas loiras, os encontrando um pouco mais longe vendo o jogo que aconteceria na quadra ao lado. Arrumando as joelheiras, o alfa respirava fundo.

Das outras vezes em que pisara na quadra, Gabriel chegara a se sentir nervoso e ansioso até se acostumar com a concentração na bola. No entanto, estava inseguro por causa da ausência do capitão. Milles fitava o teto do ginásio respirando fundo estando visivelmente ansioso.

Certo, a situação do time não eram das melhores. Só que isso não significaria a sua derrota. Dando tapinhas no ombro do alfa loiro, o moreno se posicionava na linha de frente tomando o lugar de Milles. Só precisava jogar em sincronia com os demais colegas de time, e tudo ficaria bem.

O apito soara e a partida começara simultaneamente em duas quadras.

Theodore cruzava os braços assistindo a partida do time de uniforme branco e dourado atentamente. E para o seu terror eles eram muito bons. Conseguiam manter um rally curto garantindo a frente na pontuação. A presença deles em quadra era tão forte que Theodore imaginava a tensão dos adversários.

Eram observadores e tomavam decisões no último instante, não caindo nas fintas do adversário. Usavam as brechas furando os bloqueios, e tinha uma excelente recepção de bola. O jogo deles era limpo, elegante e bonito demais.

No meio do rally que o adversário conseguia manter, o time dourado fizera uso de um ataque rápido. Fora uma jogada tão ligeira que Theodore mau piscara estupefato.

— Estamos ferrados. — Murmurava Theodore engolindo o nó formado em sua garganta.

— Não é a mesma coisa que o nosso time faz? — Questionava Lilian arregalando os olhos.

Como se não bastasse reconhecer o estilo do ataque rápido, o jogador que o fizera ainda olhara para Theodore lançando um sorriso ladino. Naquele momento o ômega sentira um arrepio passar por sua espinho anunciando a péssima sensação que aquele time lhe dava.

Era um recado direto de que sabiam estar sendo observados assim como também haviam observado eles. Cobrindo a boca sentindo de súbito o enjoo, Theodore encolhia-se na cadeira da arquibancada incapaz de deixar assistir aquela partida dominada.

Um recado de que iriam se enfrentar em breve. E que esperavam ansiosamente por aquilo.


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