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Chapter 131: Noite da pizza

As férias de inverno começaram no final de junho logo após a semana de provas finais. Se antes Theodore reclamava do cansaço por ter de ajudar o seu time a criar estratégias para as regionais, agora o cansaço triplicara. Para sair de férias mais cedo o garoto se enfornara no quarto e na biblioteca da escola para evitar ficar de recuperação.

E conseguira!

Seus dias de descanso só não eram recheados de preguiça e pijamas pois tinha exames pré natal para fazer. E Gabriel sempre o acompanhava, independente da hora e da data. Um companheirismo surgia ali fortalecendo a relação entre eles. É claro que como todo casal Gabriel e Theodore também brigavam, no entanto nunca ficavam guardando mágoas. Sempre se resolviam quando a raiva passasse.

Mesmo que a briga fosse por um mero chocolate que Theodore quisesse comer e Gabriel o restringisse por já ter acabado com uma barra inteira.

Era um casal doce, de fato.

Na segunda semana das férias de inverno, o casal doce fora jantar na casa de Nicolas. A senhora Howard encomendara duas pizzas para ouvir a notícia de Theodore. Certamente ela ficara bastante chocada, porém conversara com o ômega francamente. Afinal, Nicolas nascera quando sua mãe tinha de dezessete para dezoito anos.

— Eles estão num papo cabeça que dá pra enxergar a fumaça saindo. — Comentava Milles olhando em direção da sala, onde Theodore e a senhora Howard conversavam.

— Theo ainda está inseguro com a gestação. Não quer saber o sexo, não quer comprar nada... Estou preocupado. — Comentara Gabriel pegando mais uma fatia de pizza, sem desgrudar os olhos da sala.

— Não é como se tivesse algum outro ômega que já teve filhos para conversar e acalmá-lo. Deve ser assustador.

— Mas você é um ômega.

— Por acaso to esperando algum filho teu? — Dizia o mais baixo, fitando o alfa com a sobrancelha arqueada. — Não sou de ajuda porque nunca passei por isso. A última coisa que ele precisa é de achismos otimistas.

— Eu converso com ele, é claro. — Suspirava Gabriel — Quer dizer, eu sou o pai. Tô no mesmo barco que ele, não é? Também fico assustado que em breve teremos uma criança na nossa vida.

— Você está levando mais na boa. — Lembrava Milles apontando para o melhor amigo. — Ele deve estar pilhado porque é o corpo dele que tá gerando outra vida.

— Cara, estou de mãos atadas. Faço o meu melhor pra sempre entender o Theo e fazer com que divida o peso comigo. Mas isso dependerá do quanto ele confia em mim.

— Talvez nem ele mesmo esteja entendendo as coisas. Comigo ele nunca conversa sobre a gravidez, a menos que eu pergunte. — Explicava o ômega mais baixo. — Tipo, evita totalmente o assunto como se tivesse...sei lá medo ou vergonha. Eu também não forço a barra.

— Eu estou com medo de que o Theo não vá querer cuidar da criança depois que ela nascer. — Admitia Gabriel um sussurro para os outros dois. — Apesar de ter me falado que quer ter, não tô confiante.

— Dá um tempo. Ele deve estar com medo de como os coroas vão reagir. Aliás... Fiquei sabendo que conheceu o teu sogro?

— O pai do Theo? Como reagiu? — Quis saber Nicolas ao puxar um fio de queijo, que se esticava ainda mais.

— Foi a coisa mais assustadora em toda a face da Terra! — Sussurrava Gabriel, prestes a chutar seu melhor amigo por debaixo da mesa ao ouvi-lo soltar um riso. — Pelo que entendi ele veio pra cidade ver alguma coisa sobre casamento, e se encontrou com a mãe do Theo. Acho que ela contou, porque daí ele pediu pra ver o Theo e a mim.

— Vishe, chamou na chincha. — Ria Milles. — E como ele é?

— Bem tiozão de sítio mesmo. Igual das novelas. — Ria Gabriel balançando a cabeça. — Me encheu de perguntas e disse que sabia atirar.

— Theo me contou que ele meteu um tiro no pé do sujeito que tentou dar em cima dele. — Comentara Nicolas ocasionalmente, mas abrindo um sorriso satisfeito em ver Gabriel ficar pálido. — Daquela vez que ele apareceu todo machucado.

— Ah! Acho que lembro. — Dizia Milles se debruçando na mesa. — Caraca o pai dele atira?

— Se estivéssemos vivendo na época deles, com certeza ele já teria te caçado e feito subir no altar. E se traísse o Theo então, ele matava sem pudor ou culpa.

— Uau.

— Senti medo dele na hora que disse saber atirar. — Gabriel se arrepiava inteiro, voltando a comer da pizza. — Mas ainda assim ele não me destratou.

— Só te ameaçou, mas destratar? Imagina! Boa pessoa ele. — Ironizava Milles, dessa vez recebendo o chute em sua canela. — Isso dói porra!

— É pra doer! Até que ele é gente boa. Pediu pra ser paciente com o Theo e cuidar bem dele. Foi uma boa conversa.

— Mas e os seus pais?

Comendo a borda da pizza, Gabriel puxava um guardanapo para limpar os dedos. Em seguida bebera um gole da coca fitando o copo por um instante.

— Eu joguei um verde pra ver se colhia maduro. — Dissera de repente em um suspiro cansado. — Da vez que contei sobre Theo, meu pai não gostou muito e ficou falando pra eu tratar bem a Sadie por ser filha do patrão e bla bla bla. Esses dias contei sobre o que aconteceu na escola só pra saber a reação deles.

— E então?

Milles e Nicolas já haviam se debruçado na mesa fitando o alfa moreno com curiosidade. Faltava pouco para subirem na mesa. Gabriel não pareceu incomodado, na verdade nem teria notado a proximidade do casal para saber o que havia acontecido. Afinal, fitava o copo se lembrando daquele jantar.

— Disseram ter percebido que algo poderia ter acontecido, que o patrão tava batendo portas e brigando com funcionários por bobeiras. — Comentara Gabriel olhando pra Milles. — Provavelmente seu pai não aceitou sua saída na família.

O alfa loiro se recostou na cadeira cruzando os braços parecendo irritado com a informação.

— Tsc, esses dias recebi um telefonema do advogado da família querendo fazer acordo pra eu trabalhar com eles. Mas tinha a condição de que não iriam se intrometer na minha vida pessoal já que eu mordi o pinscher. Tipo, dá pra acreditar nisso?

— Eu disse pra gente botar fogo naquela casa, mas você não me ouviu. Nessas horas eles estariam preocupados em reformas ao invés de encher o seu saco.

— Os seus um metro e sessenta deve ser de puro ódio, não é?

— Cresci dois centímetros só de ranço pelo que passei nos últimos meses. — Sorria Nicolas então voltando a olhar para Gabriel. — Continue.

Tamborilando os dedos sobre a mesa, o alfa parecia reunir toda a coragem para dizer aquelas palavras. Não que fossem maldosas, mas eram incômodas. Pelo menos para ele.

— Recebi um aviso, na verdade. Que eu não deveria me envolver com garotos ômegas.

Nicolas explodira uma gargalhada, se debruçando na cadeira.

— Por favor, me chama quando for contar pros seus pais. Eu quero muito ver a cara deles.

— É um conselho bem tardio. — Murmurava Milles.

— Tardio? Isso é pouco. Ele não só se aproximou como pediu um ômega em namoro e o engravidou! — Ria Nicolas ainda se divertindo. — Tão ligeiro quanto o Ronaldinho esse cara.

— Isso não vai te dar problemas? Pelo jeito que seu pai falou isso...

Fora a vez de Gabriel em se encostar na cadeira. Tamborilava os dedos sobre a perna dessa vez, ponderando os mais diversos cenários que sua cabeça era capaz e criar. Nenhuma delas era favorável.

— Por isso eu contei pra minha mãe primeiro. Como ela vem de uma família de ômegas, pedi ajuda dela pra ir amansando o velho. — Erguendo os olhos em direção de Theodore, que ainda comia pizza conversando com a mãe de Nicolas, Gabriel suspirava. — Pretendo contar nesse final de semana, depois do jogo.

— Sozinho ou vai com o Theodore?

— Acho melhor sozinho. O médico disse que é bom o Theo usar as férias pra evitar estresse. E eu sei que isso vai render uma conversa bem longa.

— Eu posso ir contigo, se quiser algum apoio. — Dissera Milles tornando a se inclinar na mesa — Principalmente se falar que sou um Mckenzie.

— Deixa seus pais saberem que usou o sobrenome pra ajudar um outro alfa a ficar com um ômega. — Murmurava Nicolas cansado de rir, já enxugando as lágrimas dos cantos dos olhos.

— Só vou lá pra ser ajuda. Se eu perceber que a conversa estiver ficando acalorada tiro o Biel de lá.

— Valeu a intenção, mas é melhor eu ir sozinho. Quer dizer, o máximo que vai acontecer é a gente brigar e bater boca. Meus pais nunca fizeram algum mal pra mim, então tá tranquilo.

— Pensa bem, hein!

A conversa logo se encerrou quando Theodore voltara para a cozinha buscando mais pedaços de pizza. O ômega sentou-se do lado do seu alfa, buscando o aconchego de seus braços e o seu cheiro, como um filhote de cachorro que quer ser mimado. Recebendo um beijo em sua bochecha, Theodore sorria angelicalmente.

— Terminaram de fofocar?

— Sua orelha queimou? — Questionara Nicolas, ouvindo uma risada baixa de Theodore. — Parece que a conversa na sala foi boa.

— Dei a ideia pro Theo estudar à noite depois que ganhar o bebê. — Dissera a senhora Howard, pegando uma panela que estava tampada sobre o fogão e a deixando no meio da mesa junto com algumas colheres. Brigadeiro de panela era a sobremesa.

— De noite? Mas não é ruim pra ele? — Quis saber Gabriel.

— De noite temos menos pessoas e dificilmente o pessoal da manhã fica sabendo o que acontece à noite. Podemos explicar a situação para os professores e os alunos, e assim Theo se sentirá mais à vontade.

— Crianças choram de noite. — Dizia Nicolas pegando uma colher que sua mãe oferecera, já pegando do doce. — Imagina passar a madrugada toda acordando pra cuidar do bebê, e quando finalmente dormir o despertador toca porque tem que ir pra aula?

— Vocês dois terão de se ajudar, viu? — Avisava a mulher, um tanto quanto ameaçadoramente para o casal doce.

— Aliás, conseguiu aquele emprego? — Quis saber Milles, pegando o doce da colher de Nicolas e recebendo um olhar afiado do mesmo.

— Agora nas férias eu tenho trabalhado todos os dias na cafeteria dos pais da Lilian. Ela me ajudou com a vaga, devo agradecer ela por isso. — Respondia Gabriel em uma leve careta, já que ainda não sabia lidar com aquela garota. Ela sempre o provocava quando podia. — Mas quando as aulas voltarem, vou poder só nos finais de semana. E isso dependendo dos dias que tem jogo.

— Já avisei o professor pra treinar o Bruno e o Sam pra colocá-los em seu lugar. — Dizia Nicolas empurrando o rosto de Milles quando o mesmo ameaçara comer mais do seu doce. — Não que você faça falta na quadra.

— Nico não está sendo muito sincero.

— Theozinho, caladinho meu bem! — Dizia o ômega com um sorriso falso.

Theodore mostrara a língua para o amigo, voltando a se deliciar na pizza de calabresa. Uma baita mordida bem dada faziam os outros realmente acreditarem que pizza era apetitosa. Dava gosto de ver Theodore comendo tão bem.

— Essa criança vai nascer beeem saudável. — Murmurava Milles.

— Vai nascer abaixo do peso, isso sim. — Reclamava Theodore cobrindo a boca cheia. — Ficam cortando tudo o que como.

— Mas você não para de comer! Toda hora reclamando de fome. — Dizia Gabriel com os olhos arregalados.

— Estou comendo por dois, eu tenho que comer.

— Doce? Salgadinho? Ainda se fossem frutas...

— Ah, espera eu quero pegar a minha câmera pra registrar o momento histórico em que esses dois estão discutindo. — Dissera Nicolas prestes a se levantar.

No entanto, Milles apenas entregara seu celular pro baixinho, apoiando os cotovelos sobre a mesa para ouvir aquela discussão tão engraçada. Apesar de não ser um assunto tão sério, era surpreendente que ambos discordassem de alguma coisa.

Ainda assim permaneciam abraçados.

Sem levarem para o coração. Apenas sabendo que brincavam um com o outro.


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