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Chapter 132: Cansaço de Gabriel

Gabriel era uma pessoa paciente quando o assunto era Theodore. Sempre o observando, atento em como reage com as situações para estar do seu lado e ajudá-lo.

Só que isso não significava que ele também não estivesse assustado em ser pai tão jovem.

Ver Theodore mal falar sobre a gestação como se a negasse deixara bem claro para Gabriel o quão incomodado ele estava. Até mesmo a relação entre eles mudara, já que o alfa estava preocupado em manter o seu ômega saudável o que parecia incomodar Theodore. Apesar do terror que era ser pai tão novo, Gabriel não retrocederia de maneira alguma.

Não se deixaria abalar, pois assumiria a responsabilidade de cada ato seu.

Por isso encontrara um emprego para suas férias de inverno, guardando o dinheiro para aquela vida que viria dali três meses. Mesmo que fosse cansativo participar das regionais e trabalhar ao mesmo tempo, Gabriel não ousava reclamar. Quando visitava Theodore à noite, sempre mostrava o seu sorriso escondendo o semblante cansado.

Precisava mostrar para o ômega que ele não estava sozinho naquela jornada.

Mas havia um último problema a ser resolvido.

A vida do alfa se tornara agitada. Quando dissera aos pais que estaria trabalhando, eles começaram a questionar o motivo. Queriam que o filho focasse nos estudos e não nos esportes, apesar de Gabriel deixar bem claro que havia um porquê. Mal ficava em casa, tendo alguns dias que dormia na casa de Theodore para cuidar dele. E quando contara para sua mãe o motivo, ela logo se chocara horrorizada.

Não pelo fato de Gabriel estar com outro garoto, mas por ter engravidado um ômega.

Fora uma longa conversa resultando no alfa desabafar com a mãe pela segunda vez. Mostrara o quão cansado estava com aquela rotina maluca e de que não fazia ideia do quê fazer para alegrar o seu ômega. Provavelmente fora a primeira vez que sua mãe o via tão acabado daquela maneira.

Geralmente Gabriel tinha controle de tudo. Sempre fazendo suas tarefas com perfeição e cuidado, sem pressa para atingir o resultado desejado. Contudo, como poderia fazer o mesmo se tratando de uma criança? Era tão estranho e descontrolável!

Naquela tarde, Gabriel se esforçava ao máximo para ficar acordado. Havia tido uma péssima noite de sono, e quando finalmente adormecera o despertador tocara. Precisou ser rápido para se trocar e ir para a escola onde se reuniria com o time para irem na cidade vizinha participar das regionais.

Ficara fora da cidade a manhã toda e parte da tarde. Assim que retornaram, Gabriel fora para o trabalho onde ficara até a noite quando tinha mais movimento. O seu verdadeiro desafio era manter o sorriso cavaleiro para os clientes e manter-se acordado enquanto esperava alguém chamá-lo. Não podia ficar parado de maneira alguma, se não dormiria em pé.

Quando seu expediente terminara, o alfa seguia pelas ruas com sua mochila carregando uma pequena sacola em mãos. Um presente que ganhara de Lilian quando a vira na cafeteria. Disse que queria ter entregue à Theodore, mas não o vira no ginásio mais cedo.

Um ômega como ele em seu estado seria melhor evitar lugares com muitos cheiros como um ginásio.

Caminhando pela calçada olhando os próprios pés, o alfa seguia o trajeto costumeiro que levaria até a casa do ômega loiro. Chegando perto do salgueiro-chorão, vira Theodore o esperando encostado no tronco encolhido em suas blusas. Assim que sua presença fora notada pelo ômega, ele abria um sorriso e acenava para si desejando boas vindas.

— Nossa que carinha é essa, Gabriel? Nem parece que venceu hoje.

— Vencemos por pouco. — Ria o alfa depositando um selar na bochecha de Theodore. — E o seu dia, como foi?

Franzindo o nariz em uma careta, o ômega deixava as mãos no bolso do moletom.

— Fiquei cuidando da Lisa enquanto meus pais iam no mercado.

— Assistiram High School Musical de novo?

— Não, dessa vez foi assistir Cheetah Girls ou algo assim. — Ria o ômega se dando conta da sacolinha que o alfa segurava. — Ganhou presente?

Descendo os olhos para a sacola, Gabriel estendera para o ômega.

— Lilian pediu pra te entregar.

Curioso, Theodore segurara a sacola a abrindo e tirando o presente de dentro. Embrulhado com papel de presente infantil, o ômega tirava uma roupa de bebê de cor neutra. Um macacãozinho de frio com desenho de girafas fofinhas.

Gabriel se surpreendia que o presente fosse para o bebê. Erguendo os olhos para saber a reação de Theodore, percebia o mesmo olhar avaliando cuidadosamente a peça de roupa. Não conseguia dizer com precisão o que ele achara do presente, o que não agradava o alfa.

— É bonita, não é?

Theodore o olhara e assentia sorrindo levemente antes de guardar a roupa dentro da sacola novamente.

— É sim. Irei agradecer Lilian depois.

— Você gostou? — Quis saber o alfa um pouco mais sério do que o habitual. Assim que escutara a própria voz, Gabriel comprimira os lábios lamentando que tenha saído mais brusco do que deveria.

O ômega balançava a cabeça sorrindo levemente sem parecer incomodado.

— Quem tem que gostar é a criança, não eu. Não entendo muito disso.

— Theo, quando sua irmã nasceu você já era grandinho. É claro que sabe sobre coisas de crianças.

— Não devo ter prestado muita atenção na época. Não sei.

O alfa suspirava alto olhando em volta tentando se acalmar. Não adiantaria falar sobre aquele assunto ali na rua, tinha de entender que Theodore precisava do seu tempo. No entanto, Gabriel não aguentava mais aquele tipo de situação.

— Se você não gostou do presente, eu posso guardar comigo lá em casa. Não precisa se forçar a aceitar.

— Eu ainda não me acostumei com a ideia, só isso.

— E vai se acostumar quando? — Dissera o alfa novamente com a voz mais grossa, repreendendo-se mentalmente logo em seguida.

Contudo, Theodore percebera a raiva em sua voz. O fitava um tanto quanto surpreso, ele abrira um sorriso nervoso ao apontar para Gabriel.

— Por que está bravo?

Não queria, de maneira alguma discutir com o ômega. Mas precisava extravasar. Queria falar sobre aquilo, mostrar para ele que também estava lidando com uma situação indesejada. Se não conversassem, como poderiam compreender um ao outro? Não é como se tivessem uma mordida que intermediasse a relação.

— Porque sinto que sou o único que estou feliz por ver uma amiga sua presentear o nosso filho.

— É claro que estou feliz! — O alfa arqueava a sobrancelha passando o recado de que não acreditava naquelas palavras. Provavelmente nem Theodore acreditava. Desviando o olhar, o ômega suspirava. — Você não tem noção de como é estranho isso. Talvez você pense que é capaz de cuidar de uma criança, mas eu não sou!

— Eu não penso que sou capaz, apenas estou disposto a aprender a ser. É por isso que eu disse que estamos juntos nessa.

— Sou eu quem vai sentir dor quando ele nascer. É o meu corpo que está mudando, Gabriel. Você não vai poder sentir o mesmo que eu sinto, porque não é você quem está carregando essa criança. É muito assustador.

— Então só a sua vida é que está mudando? — Murmurava o alfa, olhando diretamente nos olhos do ômega.

— Não quis dizer isso, sabe bem disso. Apenas estou dizendo que meu corpo é estranho pra mim. É claro que vou ficar assustado, Gabriel.

— E eu não estou? Caralho, Theodore! Eu ainda nem fiz dezesseis anos e já estou arrumando emprego pra cuidar de um filho. Nem tive oportunidade de contar pro meu pai que to namorando outro cara, e já tenho que me preparar pra contar que ele vai ser avô. — Gabriel engolira em seco controlando seu tom de voz ao notar a tristeza cobrir o semblante de Theodore — Eu sei que você está sensível, e que é assustador ter um ser vivo crescendo dentro do seu corpo, mas não despreze o meu esforço em manter um sorriso na cara só pra te fazer se sentir bem.

— Só pra me fazer sentir bem? Não estava dizendo que estava feliz com a situação?

— E estou! É o que me motiva a amadurecer, porque eu quero ser o melhor pai que essa criança vai ter. Não vou desistir, assim como eu não desisti de você mesmo sabendo dos rumores que haviam na escola.

Theodore ficara em silêncio por um instante, baixando os olhos para a sacola que segurava. Então respirou fundo voltando a olhar o alfa.

— Tudo bem, acho que não estamos entendendo um ao outro.

— Não, Theo, eu te entendo muito bem. A diferença é que você não percebe o outro lado dessa moeda. Por que tá na cara que você não quer essa criança, só está se forçando a ser pai sei lá pra quê. — Passando as mãos pelos cabelos, Gabriel sentia seu rosto pegar fogo quando a brisa gélida batera de frente. Ainda assim, aquele frio era insuficiente para levar embora aquele sentimento tão abrasador. — Não me importo se eu for o único a cuidar dessa criança, mas cada um seguirá seu caminho sendo feliz do jeito que quer.

O ômega segurou o braço do alfa o impedindo de lhe dar as costas, buscando retomar o contato visual sem esconder o nervosismo que aquelas palavras poderiam significar.

— O que quer dizer? Cada um seguir o seu caminho, está... Dizendo pra gente terminar?

— Do que adianta ficarmos juntos se você não quiser me ajudar a cuidar da criança? Faz sentido pra você?

— Somos almas gêmeas, Gabriel!

— Eu to cansado, Theodore. — Suspirava o alfa repousando a sua destra sobre a do ômega. — É ainda mais desgastante fazer tudo isso sabendo que você não está feliz. Então, como seu alfa eu quero a sua felicidade. se isso significa tirar o peso dos seus ombros sobre criar uma criança, eu farei sozinho. Mas eu me recuso a ser um covarde que foge dos problemas.

Afastando a mão do ômega de seu braço, Gabriel dera as costas seguindo pela rua sentindo sua cabeça latejar. Precisava de um descanso, só algumas horas para deixar a cabeça mais leve e pensar com clareza.

Sabia muito bem que havia dito palavras duras para Theodore. Mas era impossível continuar daquele jeito por mais tempo. Mesmo que fossem dolorosas as decisões das quais tomariam, Gabriel arcaria com as consequências.

Mostraria ao mundo que ele não se deixaria abalar.


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