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Chapter 138: Hora de escolher um nome

3 meses depois

A primavera havia retornado para aquela cidade, as tabebuias amarelas já estavam florescendo belamente naquele final de semana formando uma passarela natural para os quatro jovens sentados na cafeteria. Estavam concentrados escrevendo algo no papel, cobrindo as palavras com seus braços para que o outro não espiasse. Roubar ideias eram terminantemente proibido naquele jogo.

Lilian preparava as bebidas junto de Sam atrás do balcão, balançando a cabeça somente se mantendo como uma mera espectadora daquela reunião.

— Parecem que estão fazendo uma prova. — Comentara Sam em um sussurro, sem tirar os olhos daqueles quatro.

— É quase isso. Ah, pega o granulado, o querubim adora.

Sam arqueava a sobrancelha abrindo um sorriso brincalhão.

— Como é que se diz?

Corando levemente, Lilian olhava em volta antes de dar um beijo na bochecha do rapaz e empurrá-lo para a porta onde pudesse pegar o dito granulado. Uma coisa era acompanhar o romance de outras pessoas, mas Lilian agora escrevia a sua própria história romântica. Sam havia se declarado a ela e pedido para tentarem ter algo juntos, o que a garota demorou em aceitar.

No final das contas, Sam arquitetara todo um plano de conquista que resultou no sim. A genialidade do garoto surpreendera não somente a garota, como seus colegas de classe. Agora ele e Lilian namoravam havia um mês.

— Pronto! — Dizia Nicolas segurando a folha de papel contra o peito, olhando os demais. — Vamos lá, seus bando de tartarugas. Quero acabar com vocês.

Milles se arrumava na cadeira usando a mesa de trás para escrever no papel. Quando terminara soltara um riso energético, virando a folha na mesa impedindo que Nicolas lesse.

— Vai perder bonito pro tiozão aqui.

— Vou esfregar tua cara no asfalto quente, vai ser delicia que só.

— Sinto muito, mas o escolhido será o meu. — Sorria Gabriel terminando de escrever tampando a caneta. — Já que sou o pai.

— Todo mundo terminou? — Sorria Theodore tamborilando os dedos sobre a mesa. Tendo todos assentindo, o rapaz ajeitava-se na cadeira ansiosamente — Quem quer começar?

— O meu fica por último, tá foda demais e preciso mostrar que o de vocês é inferior.

— Tá eu começo, já que sou pai. — Dizia Gabriel virando a folha contendo um nome escrito em letras garrafais. — Leonardo.

— Bonito até.

— Puff, o meu é melhor. — Dizia Nicolas sem conter o sorriso vitorioso no rosto.

— Nossa, se o nome que você escolheu não for tão bom assim...

— Relaxa e confia em mim.

— Vai Milles, qual você pensou?

Milles soltara outra risada energética e virara a folha mostrando o nome escolhido.

— Bernardo! Olha só nome de gente popular, consigo até ver esse moleque sendo igual o tio aqui. Estrela do time de vôlei, o mais bonitão e garanhão...

— Alá, tá amaldiçoando o meu afilhado. Empresta isso aqui. — Nicolas arrancara a folha das mãos de Milles fazendo dele uma dobradura de avião, o jogando para o fundo da cafeteria. — Pronto. Vai Theo, vai Theo.

— Ei! Qual é! O nome é mó bonito.

— Bonito sou eu, meu filho. Se toca. — Nicolas fazia careta enquanto Milles se levantava da cadeira pra pegar o seu papel, ou melhor, avião de papel.

— Ouvi dizer que Milles te acha bonito. — Jogara Gabriel logo bebericando um gole do café com leite, desviando o olhar quando Milles virara a cabeça em sua direção. — Eu não disse nada.

Theodore ria divertido do rubor que surgia nas bochechas magras de Nicolas. Lilian aproximou-se da mesa colocando a taça de café adocicado com chocolate e nozes que o ômega adorava na sua frente. Balançando a cabeça em desaprovação, ela formava um bico nos lábios para Theodore.

— Isso que dá deixar os outros escolherem o nome de seu filho. Vocês deveriam tomar essa decisão sozinhos.

Gabriel olhara para Lilian arregalando os olhos, sendo a sua vez em negar com a cabeça. Apesar do desespero em seu olhar, controlara sua voz para que soasse o mais natural possível para não chamar atenção do namorado.

— Você não tem noção do quão perigoso é fazer isso.

Confusa, a garota cruzava os braços. Gabriel puxara a xícara tentando disfarçar, mas fora Nicolas quem acabara por dizer tão naturalmente quanto respirar.

— Não se pode confiar em Theodore pra essa missão.

— Ei! — Reclamara o ômega citado. — Vocês é que nunca gostam das minhas sugestões.

— Mostra o teu papel. Pode mostrar. — Ralhava Nicolas apontando para a folha abraçada pelo amigo — Querem apostar quanto que ele colocou Troy Bolton na folha?

— Eu aposto que ele colocou Zac Efron.

Theodore olhava descrente para o melhor amigo e o próprio namorado. Até virou-se para Lilian buscando o seu auxílio naquela bagunça completamente injusta, mas a garota somente arqueara a sobrancelha parecendo não duvidar de sua capacidade em fazer algo do tipo.

Envergonhado, ele virou a folha contendo o nome de Zachary. Gabriel arqueou a sobrancelha para Nicolas e sorrira vitorioso.

— Sabia.

— Desde quando você é um traidor? Pensei que fosse fanático por High School Musical.

— E eu sou! Amo o segundo filme, inclusive.

— Tem a ver com o nome do ator que interpreta Troy. — Explicava Gabriel em todo seu ar de sabedoria.

Nicolas se encostava na cadeira boquiaberto, enquanto Lilian se afastava da mesa rindo e compreendendo o motivo de não deixarem Theodore escolher o nome da criança.

— Vocês são maldosos. E se meu filho resolver viajar pro exterior? Ele terá um nome internacional.

— Internacional minha bunda. Ele vai sair cantando alegremente pro nada e fazendo cu doce por ter vergonha de cantar.

— Olha a boca Nico.

— E você por acaso sabe cantar? — Alfinetou Gabriel para o seu capitão.

— Quieto, Biel. Certas coisas jamais devem chegar aos ouvidos humanos. Só pinscher conseguem entender o que ele canta e ainda se tremem de horror.

Recebendo um tapa em sua nuca, Milles mostrava o dedo do meio para o baixinho mau humorado. Antes que aqueles dois começassem a discutir, Theodore dera algumas batidas na mesa.

— Muito bem, falta o Nico. Qual nome você pensou?

Arrumando-se na cadeira, Nicolas abria um sorriso débil ao virar a folha e apontar para o nome escrito cobrindo toda a folha. Ainda desenhara um pássaro ao lado do nome, causando grande impacto no ômega gestante.

— Kauã! Nome forte e curto de origem indígena que significa falcão ou gavião.

— Ele ficou a noite toda pesquisando. — Denunciava Milles.

— Mas é claro! Sabia que para o povo tupi, o falcão era um animal respeitado por avisar quando alguém ia morrer?

— Tá ouvindo isso? — Intercedia Milles com o indicador levantado silenciando Nicolas. Os três prestaram atenção em qualquer som, mas sem escutar nada em especial. Recebendo os olhares curiosos, Milles virou-se para Nicolas — É o silêncio que significa ninguém se importa.

O alfa loiro recebera o seu segundo tapa na nuca.

Theodore logo se levantou mostrando a enorme barriga. Pesada e pontiaguda, dando sinais de que em breve o grande dia chegaria. Fazia um mês ter descoberto o sexo do bebê, um menino, mas nenhum nome parecia agradar Theodore e Gabriel. Sugestões não faltaram!

Prestes a dar à luz, os pais chegaram à conclusão de que seria melhor a própria criança escolher. Seria mais uma brincadeira para definir os nomes que poderiam escolher quando o bebê nascesse. Mas... Se chegasse a uma resposta imediata, seria ainda melhor.

— Muito bem, chegou a hora de saber o escolhido. Já que ninguém gostou, irei retirar as minhas opções. — Pegando a mão de Gabriel a colocando sobre a barriga, Theodore olhava para a mesma com seriedade — Vamos lá, bebê. Papai escolheu Leonardo, você gostou?

Os três ficaram em silêncio, olhando atentamente para a barriga ansiando qualquer movimento. Esperaram um tempinho, mas nada. Milles e Nicolas abriam sorrisos vitoriosos quando Gabriel afastou a mão com um bico nos lábios.

— Mas é um nome tão bonito.

— Relaxa meu filho, quem sabe na próxima.

— Venha Milles. — Chamava Theodore segurando a mão do alfa loiro sobre sua barriga — Bebê, seu tio escolheu Bernardo. Você gostou?

Novamente a tensão. Gabriel e Nicolas torciam para que o alfa loiro não ganhasse aquela disputa tão acirrada. Para Theodoe era simplesmente engraçado acompanhar a expectativa daqueles três, mas precisava manter a seriedade ou eles ficariam bravos consigo.

Mais uma vez o bebê permanecia quieto mesmo depois de um tempo. Milles suspirou tristonho, se jogando na cadeira.

— Isso! — Comemorava Nicolas.

— E se ele tiver gostado de Zachary?

— Não, Theo. — Dizia Gabriel.

— Mas por quê?

— A criança tem bom senso e você não. Agora sai que é minha vez. — Nicolas deixava a mão espalmada na barriga de Theodore, aproximando o rosto da mesma enquanto Theodore bebia um gole de seu café adocicado — Olha, se você se mexer o padrinho vai te dar os ovos de páscoa mais caros até tu completar dezoito anos.

— Ooooh isso aí é suborno. Vale não! — Reclamava Milles jogando os braços para cima em indignação.

— Qual é Nicolas, isso não vale.

— Ele vai ser uma formiguinha igual o Theo, tenho que usar isso a meu favor. — Ria o ômega se ajeitando na frente do melhor amigo.

— Tudo bem, vamos decidir então. Bebê, o seu tio Nico escolheu Kauã como seu nome. Você gostou?

Os três garotos praticamente fuzilavam aquela barriga de curiosidade. Engoliam em seco temendo que o nome escolhido fosse Kauã. Não por ser feio, mas por ter vindo de Nicolas. Apesar que tudo aquilo era uma simples brincadeira.

Porém, a surpresa viera quando o bebê se mexera dentro da barriga, sendo possível ver de longe aquele movimento. Gabriel e Milles arregalavam os olhos descrentes enquanto Nicolas pulava de um lado pro outro celebrando a sua vitória.

— Chupa seus trouxas! — Gritava o ômega a todo sorrisos. — Sou uma fábrica de nomes.

— Isso aí não vale, ele subornou o bebê com chocolate.

— Concordo. Onde já se viu ele aceitar o nome do Nicolas e não meu? Bernardo é nome do sucesso.

— Chora neném! Ah, vou mimar esse moleque só por ter me escolhido.

Theodore voltava a se sentar na cadeira, puxando a sua taça de bebida doce. Não contaria para ninguém que quando ingeria chocolate o bebê se mexia. Havia gostado do nome sugerido por Nicolas, conseguia visualizar a criança sendo chamada daquele jeito. Talvez tivesse roubado para a vitória de seu melhor amigo, mas não contaria isso para ninguém.

Atrapalhando a festa da vitória de Nicolas, Milles pegara sua mochila tirando um envelope amarelo e o entregando a Gabriel.

— Aqui Biel, chegou lá em casa essa semana. É do Jake.

Gabriel fechara a cara no mesmo instante, mas pegara o envelope ainda assim.

— O que é?

— Logo tu faz dezesseis não é? Ele me ligou dizendo que pode te ajudar a se emancipar assim que fizer aniversário. Aí tu não precisa ficar dependendo do seu pai e pode se virar.

Desde as férias de inverno Gabriel não tornara a conversa com o pai. Sua mãe parecia ficar sobrecarregada de servir de ponte entre pai e filho. Gabriel basicamente mudou-se para casa de Theodore, e com o trabalho de meio período ajudava nas despesas já que em qualquer momento o seu filho viria ao mundo.

Era um tanto quanto triste que a relação deles tivesse ruído daquela maneira. Mas Theodore dizia que com o tempo as coisas se ajeitariam. Mesmo levando anos. Mas se ajeitariam. Precisava de paciência e prudência para não forçar a relação ou estremecer o que restava dela.

Naquele dia, enquanto esperava o check up de Theodore, Jake havia comentado o assunto da emancipação já que Gabriel estava trabalhando. Mas o alfa não correra atrás de mais informações e até se esquecera do assunto quando as aulas voltaram. Era uma decisão que precisava discutir com Theodore e com sua mãe mais tarde.

— Ah, fiquei sabendo que sua irmã está fazendo intercâmbio. — Dissera Theodore repentinamente, já na metade da sua bebida.

— O pessoal da noite sabe o que acontece de manhã? — Questionava Milles arqueando a sobrancelha.

— Tenho meus contatos ainda.

Os três olharam para a bancada onde Lilian conversava com Sam presos em seu próprio mundinho. Não restaram dúvidas de que era ela o tal do contato. Gabriel não costumava falar sobre a irmã de Milles, já que passava quase o dia todo ocupado com os treinos. Nicolas também não costumava falar, o assunto nunca era do seu interesse. Só sobraria a garota.

Debruçando na mesa para comer o bolo que pedira, o alfa balançava a cabeça.

— Foi logo depois das voltas às aulas. Thunder imagina que ela se sente pressionada por ficar no mesmo lugar que eu e ainda receber uns olhares da galera que não curtiu o que ela disse daquela vez. Sei lá.

— Espero que ela se torne uma pessoa melhor.

— Ficando longe dos meus pais, talvez se torne mesmo. Só fico mal pelo Thunder que não conseguiu se declarar pra ela.

— Que besta! É por isso que ele tem jogado tão mal ultimamente?

— E você vai se declarar pro Milles quando? — Cutucava Gabriel, tentando apaziguar aquela atmosfera tensa.

Nicolas erguera o dedo do meio para o alfa moreno, mas Milles deixara a sua mão sobre a coxa do ômega ganhando sua atenção.

— Naquele dia ele se declarou. Pro seu alfa, não é baixinho?

— Vão tomar no cu vocês tudo. Só porque o nome que eu escolhi ganhou vocês estão pegando no meu pé.

— Eu exijo uma revanche! Não acho justo que meu filho não goste do nome que eu escolhi pra ele.

— Então vai ter aceitar as minhas opções. — Dissera Theodore inocentemente.

E foi assim que eles desistiram de uma revanche.

Acariciando a barriga, Theodore sorria ansiosamente. A qualquer momento, Kauã chegaria ao mundo.


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