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Chapter 2: 01 - Começos são simples

— A profetisa o chama, meu rei… Ela disse que viu algo.

Diz um homem encapuzado de forma calma e direta, sem emoções, que se ajoelha em frente a um trono. No trono figura um rei loiro e de barba espessa com as mãos entrelaçadas sentado com uma expressão seria.

Por um instante, o silêncio paira pela sala até que o Rei se levanta passando pelo encapuzado, sua capa azul arrasta pelo chão. Ele segue pelos corredores do imenso palácio

"A primeira profecia em 300 anos… Espero que não seja como a última."

 O Rei pensa enquanto anda em direção a uma porta de madeira ornada com ramos dourados, sua expressão não muda, porém seu coração começa a acelerar.

Ao abrir a porta, o Rei se vê em uma sala sem teto, como um jardim dentro do castelo, no centro, uma jovem de aproximadamente 25 anos vestindo um vestido amarelo ajoelhada em meio a uma fonte de mármore branco com água azul segurando uma flor vermelha.

— Meu rei…

Diz a jovem sem se virar para o homem, olhando apenas para o céu ensolarado.

— Tempos difíceis se aproximam nos 5 continentes… Uma profecia de um passado distante retorna através de mim…

A profetisa se vira para o rei, seus olhos possuem uma coloração incomum lembrando uma noite estrelada, em instantes sua pupila reluz em um arco-iris de 6 cores diferentes, vermelho, amarelo, verde, roxo, branco e preto . Sua voz sai de uma doce jovem para a de vozes dissonantes, todo e qualquer som que estivesse no castelo desaparece da sala.

"Da pedra de jade perdida… um início se abre, dos seis esquecidos apenas um não se esconde.

Do verde vivo ao caído, a sabedoria entregue à ignorância se fecha em meio às árvores de lamentação.

Em meio às cinzas do vermelho profano, a chama do fraco se ergue na última memória guardiã.

Da honra à desonra, o roxo do juramento fraudado, seus feitos… esquecidos pelo bem maior.

Em meio à fé amarela se esconde uma verdade, uma heresia distorcida como propósito.

O desejo do branco deu início ao fim.

A ganância do preto deu fim ao início.

Da eterna essência, uma verdade maldita; tudo se acaba como começou."

A voz desaparece deixando o local em um silêncio total, aos poucos os sons retornam. O rei permanece quieto. Ele sabia o que uma profecia queria dizer, um futuro inevitável, pelo bem ou pelo mal e faria qualquer coisa para que fosse pelo bem de Aldena, ele deveria se preparar para a profecia, a única coisa que ele reconhecia na profecia seria sua primeira pista.

"Da pedra de jade perdida… Devo visitar um velho amigo"

O rei se vira ao lembrar de uma lenda local, uma estátua que dizem estar perdida em meio às florestas do descanso do herói, uma terra protegida por seu Duque mais leal e terra onde em breve se iniciaria o 500º grande festival.

Kromblade.

Um som cortante passou pelo ar pouco antes de uma flecha atingir o alvo, fazendo-a cravar próximo às extremidades.

— Essa foi boa, mas podia melhorar.

Diz um garoto ruivo de olhos verdes vestido com roupas simples de camponês — uma calça marrom presa a um cinto esfarrapado e camisa branca larga.

Ao lado do rapaz, uma garota segura um arco de madeira, a menina de olhos ambar e cabelos negros presos por um lenço vermelho que passa na parte superior de sua cabeça, formando assim um rabo de cavalo longo e vestido vermelho.

Deixando seu arco baixo, a garota solta um suspiro, fazendo seu corpo se curvar e amolecer os braços quase largando o arco.

— Sério Clark, como você consegue acertar todas? De 10, eu acertei 3 e duas ainda pegaram na lateral.

Clark deixa uma risada aguda sair, colocando a mão direita sobre o ombro da garota e esboçando um grande sorriso enquanto ela ergue o rosto para olhá-lo.

— Secilia, tá tudo bem, você melhorou bastante. Mês passado você mal acertou uma flecha na árvore.

Ela abre um sorriso, ajustando seu corpo ficando ereta novamente. Ela move seu braço direito, pegando uma flecha da aljava em suas costas, a coloca sobre o suporte do arco o tensionando até sua palma ficar próxima ao rosto, então dispara novamente ao soltar a corda, fazendo a flecha voar pelo ar, desviando para a esquerda e atingindo um arbusto logo ao lado do alvo.

— Ah! O que eu tô fazendo de errado?!

Reclama a garota com uma expressão de raiva e frustração. O garoto, com um leve tapa nas costas, fez ela se arrepiar. Isso a distrai ao desviar o olhar para o rapaz. Com isso, ele toma o arco de sua mão e uma de suas flechas.

— Você não pode apenas soltar a corda quando for disparar, ou ela vai tremer e a chance de errar aumenta.

Ele tensiona a corda da mesma forma que a garota havia feito, porém, ao invés de soltar a corda para disparar, ele move seu cotovelo do braço que segura a corda do arco para trás, fazendo seus dedos deslizarem pela corda. Assim que sua mão solta a mesma, a flecha é disparada precisamente no centro do alvo.

— Viu? Não é tão difícil quanto parece.

Clark abre um sorriso animado em seu rosto pouco antes de se virar para a garota que estava com os braços abaixados segurando uma das flechas. A garota estende a mão esquerda para o garoto, a abrindo e fechando com um rosto emburrado.

— Tá bom, deixa eu tentar de novo.

O rapaz devolve o arco para ela que se posiciona novamente para atirar. Porém, antes de realizar o disparo, o garoto se move para suas costas, colocando a mão entre as escápulas da garota, a fazendo gelar e arrepiar por completo, soltando a flecha aleatoriamente.

— O- O que foi?

Secilia se afasta com o rosto vermelho, segurando o arco contra os peitos, fazendo o garoto cair na gargalhada. Mas antes de poder dizer algo, ambos ouvem uma voz feminina ao longe.

— Secilia! Onde você está?! Seu pai está te esperando!

Secilia larga o arco ao ouvir a voz de sua mãe vindo da estrada, onde duas pequenas casas se encontravam. 

"Droga, eu devia ter ido para o outro lado da cidade"

Ela pensa e rapidamente olha para o rapaz com uma expressão preocupada.

 — Vai pela floresta e dá a volta pelas casas, vou atrasá-la um pouco.

 A garota acessa começa a correr por dentro da mesma em direção à parte de trás das casas, tentando passar despercebida pela mulher.

Enquanto Secilia corria, o rapaz suspirou, segurando o arco e a aljava que a garota deixou cair, respirou fundo pensando sobre como iniciar uma conversa com a esposa do Duque e ele saiu da floresta. Ao ver a mulher de preto ao longe, ele acena para a senhorita, abrindo um sorriso amigável. Ele coloca a flecha na aljava e segura o arco com a outra mão livre.

— Olá, Senhora Laffrey! Está procurando pela Secilia?

A mulher de longos cabelos negros caídos sobre o ombro ouve a voz do rapaz e se vira em direção à floresta; ela o olha desviando levemente o olhar para seu arco. Após um instante, a mulher segue em um andar refinado em sua direção com uma expressão neutra.

— Sim, por acaso ela não estava com você novamente, estava?

A pergunta da mulher se seguiu de um olhar rígido e inquisidor sobre o jovem.

— Não, senhora, mas eu a vi andando até as macieiras.

O garoto aponta para as árvores atrás da casa onde se encontra um aglomerado de macieiras, uma das rendas da cidade junto das uvas e a vinícola.

— Aquela garota… Já avisei para ela que não deveria vir aqui sem a Rosaria!

A garota, após alguns instantes andando, chega à área das macieiras. Ela segue a andar perto de outros dois aldeões que estavam colhendo maçãs com uma tonalidade incomum, sendo roxas na parte de cima e se tornando azul ao longo do resto da maçã, as maçãs Motrika. A garota pega uma delas, fazendo um sinal de silêncio para ambos, que sorriem como se a garota fizesse isso constantemente. 

"Ja é a quinta vez que faço isso em dois meses, melhor pensar em uma noca desculpa…"

 Secilia pensa após pegar a maçã, a garota suspira e corre por detrás das casa, podendo ver sua mãe conversando com Clark, ela respira fundo e sai do esconderijo .

— Estou aqui, mãe!

Gritou Secilia saindo do vão entre as casas segurando a maçã, dando uma mordida na mesma e acenando para a mulher com a mão livre. Sua mãe cruza os braços ao ver Secilia sair com a barra inferior do vestido branco sujo de terra.

— Veio pegar maçãs de novo?! Já falamos sobre isso, deixe isso para as empregadas, você tem outras obrigações e quanto a você, senhor Clark, espero que a caça esteja rendendo bastante e que não esteja errando muitas flechas.

A mulher começa a reclamar com a garota enquanto ela se aproxima. Assim que a garota chega perto de sua mãe, a mesma então solta um suspiro, colocando a mão em frente ao rosto e olhando para o rapaz com uma expressão ameaçadora, mas inquisitiva. Clark percebeu a ausência das flechas que usavam para treinar e que não estava com nenhuma caça, o rapaz se preocupou por um intante, mas logo respondeu de forma rapida com um sorriso no rosto.

— Eles estão mais difíceis de caçar, sabe… acho que estão ficando mais espertos.

A mulher bufou ao ouvir a desculpa do rapaz e se virou.

— Então talvez você deva caçar mais. Soube que os cervos gostam de se esconder na colina, que tal pedir umas aulas para seu amigo Olyver?.

Diz a mulher seguindo andando. Secilia sorri para ele acenando com a palma atrás de suas costas enquanto segue com sua mãe.

— Não deixe que seu pai saiba que esteve aqui, muito menos que estava treinando com Clark.

A garota abaixa a cabeça ouvindo o que sua mãe diz, deixando a maçã baixa ao lado de seu corpo e responde de forma quase inaudível.

— Como se ele se importasse…

— O que foi?

— Nada, mãe, vamos?

A senhorita Laffrey suspira por um instante e olha de relance para sua filha, abrindo um leve sorriso no rosto.

— O que acha de comprar algumas roupas para o festival? Seu pai está um pouco ocupado com a vinícola, então ele pode esperar um pouco.

— Tem certeza? Ele não estava me esperando?

A mulher deixa um sorriso mais visível em seu rosto.

— Sim, mas se ele souber que estamos nos preparando para a cerimônia, acho que ele pode esperar mais.

Secilia ergue o rosto com um sorriso alegre para sua mãe, levantando a maçã até o peito e colocando ambas as mãos em volta da mesma enquanto anda ao seu lado em direção ao centro da cidade.

Clark ficou para trás observando Secilia ir embora; seus olhos estavam fixos na garota a ponto de, por um instante, suspirar e abrir um sorriso sincero sem perceber quando o senhor que estava colhendo maçãs junto de sua esposa se aproximava.

— É melhor não pensar nisso, rapaz. Você sabe bem o que espera por ela, essa é a sina de um nobre.

— Ela também… Mas não sabe o que a aguarda em breve.

— Não há nada que possamos fazer, Clark, você sabe como as coisas são, você ouviu o que Melina nos disse.

Clark se virava seguindo em direção ao local onde praticavam com uma expressão séria e fechada, enquanto o senhor o observava de longe soltando um breve suspiro antes de voltar à sua esposa.

...

Após sair da área onde a plantação externa se encontrava, a dupla se depara com o portão da cidade. Secilia respira fundo ao ver a muralha da cidade, que embora não fosse tão grande como a da capital, ainda era considerada uma fortaleza segura, afinal era um ducado.

— Os guardas não estão meio lerdo hoje? Nem me viram passar…

Helena olha de relance com um olhar inquisitivo para a garota quando a mesma fala sobre os guardas e sacode a cabeça ao ver que Secilia não percebeu seu olhar e apenas seguiu andando. 

Ao chegar ao portão, os guardas estavam distraídos com documentos das caravanas dos mercadores que chegavam ao ducado e não perceberam a chegada das duas mulheres.

— Onde estão os reforços para guarda e verificação? Achei que o duque havia ordenado que houvesse ao menos quatro de vocês.

O guarda que estava lendo um documento se assustou ao ver a duquesa parada em sua frente. Antes mesmo que ele pudesse responder, a mulher continuou.

— Envie uma guarda extra para a área sul e encontre os dois… preguiçosos que "sumiram".

A duquesa pausa brevemente olhando em volta. A área sul se encontra próxima a um despenhadeiro e com grande parte da sua plantação fica ali, porém durante boa parte do ano a quantidade de guardar na região é menor, exceto durante o festival, enquanto a área norte era o local onde algumas plantações da maçã Modrika se encontram, é ligada por uma floresta de caça e a muralha principal o que a torna relativamente mais protegida.

— Senhorita Helena! Não há necessidade de tanta preocupação, somos apenas comerciantes.

Helena desvia seu olhar para uma das carroças onde a voz de um senhor gordo se encontrava. Ela reconhecia a voz como um dos comerciantes exportadores de vinho, devido a isso ela exibe um simples mas simpático sorriso em seu rosto.

— Senhor Jofrey, sei que os comerciantes em si não representam perigo, porém, não podemos dizer o mesmo sobre os mercenários que se reúnem nesta época comemorativa.

Após dizer isso, ela realiza uma breve reverência e segue andando calmamente pelo portão com os guardas tensos e angustiados. A entrada da cidade é composta por duas pontes sobre um pequeno rio que passa pela cidade, uma das pontes é pequena sendo usada por pessoas que chegavam sem cavalos ou carroças, enquanto a outra é mais larga por onde as carroças transitam transportando mercadorias, sendo possível passar até mesmo duas carroças lado a lado. Logo após as pontes, se encontrava a rua principal de Riou, a cidade do vinho.


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